A candidatura de Fernando Nobre tem sido apontada como uma criação de inspiração soarista, por um lado, e como claramente divisionista à esquerda, por outro, nomeadamente no campo que se situa entre o PS e a área do Bloco de Esquerda.
Quanto à primeira imputação, não me interessa nada apurar se é ou não verdadeira. Situando-me na área não socialista e desde já declarando que o meu voto será para Cavaco Silva, caso se recandidate, afigura-se-me, em todo o caso, ser uma deselegância imerecida para Fernando Nobre declará-lo como um produto soarista. Que a Soares interesse esta candidatura é coisa que não custa nada a acreditar; mas que Fernando Nobre se tenha deixado conduzir por presumíveis interesses de Mário Soares não condiz com o perfil de integridade e com todo o percurso humanista deste homem. Espero que não esteja a dizer isto apenas porque ambos pertencemos à tribo dos angolanos…
Não estou totalmente convencido, por outro lado, de que a penetração política de Fernando Nobre vá operar apenas à esquerda, dividindo-a. Receio bem que o seu passado apartidário, a sua visão multicultural das gentes, a sua mundividência humanista e a sua postura voltada para o social, enfim, o uso de uma linguagem “não politiquês”, acabem por ser fortes alavancas de captação de um eleitorado até agora abstencionista e de certas faixas de eleitores à direita do PS. Quem te avisa, teu amigo é…
De resto, se as presidenciais começaram a animar tão cedo, é porque a Democracia não tem horários…Valha-nos isso!