- “… e porque jogar ajuda a gerir a dor” – disseste - e eu…bom, sentado lá no meio de toda aquela gente, senti-me criança perto de ti.
- “…e se houver palavras que queiram entregar-lhe, façam-no e a sua escrita enriquecerá.” – pediste - e eu parti.
Fui na demanda da Palavra, sem saber muito bem por onde.
E a magia (só para quem acredita em fadas…) uma vez mais acontece e mostra-me um caminho inesperado:
- Descobrir o “Ouvidor”.
Palavra a palavra ouvi “a chuva pausada a zurzir naquele tecto de zinco”, provei aquele “pirão grosso, quente, um pouco amargo”, senti o “cheiro dos bichos e dos pássaros e do céu alaranjado”, descobri o mato, os miúdos e o Sécúlo.
Não, não fui de tipóia nem de jipe, mas acabei por percorrer as ”terras do fim do mundo” pela inesperada Mão de um puto do Kimbo, que me mostrou, de dedos lambuzados, como concretizou o desejo de levar África para Casa.
Deixo-te aqui a minha palavra para que sejas tu, a entregá-la, é uma palavra em Umbundo, que o Sécúlo usaria, uma palavra presente na cubata da mamã negra, na banca da cozinha, na pedra lançada às galinhas. Uma palavra que nasceu em África e cresceu, estando presente a cada nascimento de outras palavras, para nelas se entrelaçar e tecer o carácter, o sonho, o destino, o Homem e o Menino.
- Essandho!
- Alegria!
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Autor:Paulo Fontes