terça-feira, 20 de agosto de 2013

AMIGOS VERDADEIROS

Na minha recolha de memórias encontrei histórias, poemas, pequenas notas, coisas esquecidas.
Para encontrar é necessário revolver, procurar. Está cá tudo dentro. Não sei se na alma se no coração. Em 1953, na hora da despedida - o pai tinha sido transferido do Luso para Sá da Bandeira, (o Henrique não tinha entrado, ainda, na minha vida), um poema de um mestre, de um amigo, que marcou profundamente o seu gosto pelos livros, pelo saber, e, pelo saber dizer.  



Cuidado, Henrique, porque nesta vida
Nem todos são amigos verdadeiros!
Duvida dos que forem lisonjeiros
Porque tal ralé é só fingida.

Porque uma parte – a parte mais crescida –
É feita de um punhado de matreiros
Que te abandonarão, entre os primeiros,
Numa curva qualquer da tua vida.

Escolhe com cautela! Escolhe poucos
Mas que sejam sensatos e não loucos
Dos que podem usar de falsidade

Possas este livro preencher
Com amigos sinceros, a valer,
E este livro será só o da amizade

Angola - Vila Luso 16 de Dezembro 1953