sábado, 17 de agosto de 2013

NÃO SOU NADA

Não sou morro nem penhasco.
Não sou vento.
Não sou brisa.
Da vida
Já sou só sombra
(nuvem breve,… envelhecida).

Não sou garota nem jovem
De larga saia rodada,
Não sou mãe. Não sou avó.
Não sou estrela nem cometa.
Não ando a pé na calçada.

Não sou estrada.
Sou ruela,
Talvez beco ou labirinto.
Alma negra em sofrimento
Minha saudade esquecida.

Tu não estás.

Eu não sou nada

“Porque hoje eu sei que só morrem verdadeiramente aqueles que, depois de mortos, nós conseguimos matar também. E nada é pior do que um morto vivo, habitando lado a lado com os que não morreram e tiveram a coragem de tentar viver para além da morte dos que amavam.”
IN “ Madrugada Suja” de Miguel Sousa Tavares