quinta-feira, 6 de junho de 2013

SER PARA SERVIR

Na carta que, a 3 de Junho de 2009, envia ao Presidente da Assembleia da República, o Henrique põe a nu a situação de incumprimento do dever de ser substituído, não por ele, nem para chamar sobre si os holofotes de um palco que nunca quis, mas sim por uma instituição que corria o risco de disfunção e por um órgão merecedor de outro respeito institucional. Mais do que no plano dos deveres legais e constitucionais, que poderiam estar em causa, foi no plano da humanidade que o processo de substituição do Provedor de Justiça se jogou e falhou.
“ Nunca o nosso pai esteve em cargo algum por estar. Esteve apenas onde, se e quando pudesse estar ao serviço, contribuir e ser útil. E nos cargos em que esteve, públicos ou privados, fê-lo para desbravar terreno e semear colheita, nunca para colher fruto. Esteve sempre para servir. E só enquanto o pudesse fazer. Quando nas suas convicções profundas entendia dever retirar-se, fazia-o renunciando, se fosse o caso. Foi assim em 1981, quando ocupava o cargo de Ministro do Trabalho, que fez cessar por não ter condições para cumprir o diálogo social alargado que convictamente defendia. Foi assim também em 1984, quando renunciou ao cargo de vice presidente do Partido Social Democrata por estar em profundo desacordo com o reconhecimento dos Trabalhadores Social Democratas como estrutura partidária. E foi assim em 2009, quando renunciou ao cargo de Provedor de Justiça, por razões de defesa da dignidade da instituição e da sua intrínseca liberdade pessoal”.

Sofia Nascimento Rodrigues