terça-feira, 27 de julho de 2010

BALUBA

Baluba, a flor gentil da sua raça,
A donairosa dos quadris coleantes,
Dos finos tornozelos de gazela,
Dos seios nus, de perturbante graça,
A que era negra e ardentemente bela,
E que cheirava a ervas odorantes
Da selva tropical
Do seu país natal;

Baluba, a que trazia em seu olhar
Nostálgicos acenos sensuais,
E a tentação de incógnito feitiço;
A que ia o corpo de ébano banhar
Num rio azul, por entre matagais,
E ficava depois, de olhar mortiço,
Mirando-se, enamorada,
Nas águas retratada…

Baluba, a flor das águas sempre absorta
Na ingénua sedução da sua imagem;
Levou-a um jacaré num trago hiante,
Traçando um rasto longo, em tom vermelho,
De sangue rubro, em cristalino espelho.
- Mas diz a lenda que a Baluba morta deixou
no rio azul essa miragem do seu corpo ao luar,
sempre ondulante,
Qual flor negra de veludo,
Num encantamento mudo…

E a rapariga que não é bonita,
Irmã da sua raça,
Vai-se banhar no rio onde dormita
A flor de estranha graça…
E a Baluba, embalada p’las estrelas,
A todas faz ardentemente belas!

(Poesia de J. Galvão Balsa, in “Oiro e Cinza do Sertão)




( Mulher BALUBA Neves e Sousa)