Os valores democráticos são universais, nos seus postulados de liberdade e de justiça.
A democracia é uma obra nunca acabada.
Exige uma persistência permanente e firme na sua construção.
É preciso não permitir que se caia no erro fatal de se conceber a democratização como uma «moda», que se mudará no fim da estação.
E é preciso igualmente que não se tombe na ilusão fatídica de se pensar que a democracia política pode sustentar-se sem a democracia económica e social.
As questões do trabalho, do desenvolvimento económico e da justiça social não podem ser solucionadas fora do quadro de uma verdadeira democracia.
A resposta ao problema da injustiça social, não pode passar pela utopia, que nos conduziria ao abismo.
Também não deve passar pela miragem de que amanhã acordaremos todos num mundo melhor.
Temos que ser realistas, pragmáticos, lutadores mas lúcidos neste eterno combate pela felicidade dos homens.
Se adoptarmos uma visão puramente tecnocrática, ou soluções exclusivamente economicistas, não só corremos o risco de não resolver os problemas suscitados pelas mudanças indispensáveis como, por outro lado, podemos gerar pobreza mais acentuada, mais desemprego, maior marginalidade social.
Estes são germes de violência.
A violência, qualquer que seja a sua causa corrói a democracia política, bloqueia a democracia económica e abala a democracia social.
Ao contrário, é em clima de tranquilidade que as reflexões se tecem e emergem com profundidade, as actividades se programam com racionalidade e os resultados se alcançam com eficácia.
Genebra, 23 de Junho de 1992
Genebra, 23 de Junho de 1992