sexta-feira, 25 de junho de 2010

Um Líder

1955 Lubango Liceu Nacional de Diogo Cão

Reunião das turmas do 6º Ano para preparar o pic-nic que assinalava o início do ano lectivo.
Foi assim que conheci o Henrique.
Ele, de capa e batina, buço incipiente, encarava de pé, atrás de uma secretária, toda a assistência.
Eu, acabada de chegar do Continente, sentada na fila da frente, perguntei à colega do lado:
Quem é este? Resposta: É o Henrique!

Em 14 de Janeiro de 1962 dizia num poema que terminava assim:

Desde então - vê só, Amor!-
No registo do Céu
ficou escrito, meu nome
junto ao teu.

E ficou, com os nossos 5 filhos e os treze netos.
Sempre o conheci como um «sedutor», um homem de «enamoramentos», um líder natural -
De causas, de projectos, de pessoas, em momentos muito especiais da vida em sociedade.
Muitas vezes me disse com determinação – quem está com o meu projecto está comigo, quem não está, pode sair.
Disse-lhe outras tantas vezes – és um homem de sementeiras – quando chegará o teu momento de colheita?
Mas a colheita nunca o motivou. Gostava de «arar o campo», «desbravar terreno», fazer crescer algo novo. Depois, partia para outras causas, outros projectos, quantas vezes com os mesmos colaboradores.
Nunca gostou de misturar a sua vida profissional com a vida familiar.
Dizia-me – a família é o meu bem mais precioso, é o meu suporte, a minha retaguarda, o meu porto de abrigo, tenho que a preservar.
Foi sempre assim.
Desde que o conheci até ao momento da sua morte.
O Henrique foi de facto um Homem de excepção.
Com mais homens como ele o Mundo ficaria certamente melhor.