terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

PALAVRAS DE SAUDAÇÃO

Em Junho de 2004, o Henrique recebeu um convite para estar presente em João Pessoa – Brasil, durante o IX Encontro Nacional de Ouvidores/Ombudsman e I Colóquio Luso – Brasileiro de Ouvidoria. Por motivos de saúde não fez a viagem, mas, enviou as palavras de saudação que transcrevemos a seguir:
É para mim uma grande honra e um grato prazer saudar amistosamente todos V.Exas., os pessoenses, e o Povo irmão e fraterno do Brasil.
Não o faço sem alguma emoção. Caprichos da geografia houveram por bem que perto de João Pessoa se situasse a “Ponta de Seixas”, o ponto mais oriental das Américas, e que próximo de Lisboa, fique erguido o “Cabo da Roca”, o ponto mais ocidental da Europa. Nesta intemporalidade do destino histórico dos nossos Países, até a geografia nos parece dizer, assim, que a Europa e as Américas cruzam os dedos da Amizade por sobre o Atlântico, através do Brasil e de Portugal.
Esta cidade onde o sol nasce primeiro, vê o último Sol que se apaga em Lisboa. Porventura a Geografia, ademais da História, nos queira transmitir uma mensagem, que outra não pode ser senão de uma incontornável relação de amizade e cooperação. Portugal recolhe-a expressamente no artigo 7º, nº4 da sua Constituição, o que significa ter elevado a valor constitucional os laços especiais e inquebráveis com os sete países de língua portuguesa
Língua portuguesa por vezes mais portuguesa do que a falada em Portugal. Atente-se nesta palavra Ouvidor, que já desapareceu dos nossos manuais académicos e escritos literários e, sobretudo, da fala das gentes. E, todavia, o Brasil preservou-a, oriunda da época colonial – recorde-se o Ouvidor – Geral, figura, porém bem distante e oposta dos actuais Ouvidores brasileiros representantes dos cidadãos agindo na defesa dos seus direitos, quer na esfera estadual, quer no universo privado.
Pois se este é o I Colóquio Luso-Brasileiro de Ouvidoria, naturalmente terá de haver um II Colóquio.
Esse inesquecível poeta português, Fernando Pessoa, imortalizou na nossa memória colectiva esta rima inspiradora: Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
E a partir desta iniciativa brasileira, dêmos as mãos construamos o futuro – sonhemos juntos, forjemos obra comum.
Brasil – João Pessoa, 21/23 de Junho de 2004