quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Praia da Areia Branca. Só o Por do Sol é Eterno


Como sempre, desde há 24 anos, estamos cá todos, na Casa da Takula.
TaKula (ou tacula), é o nome da madeira africana de que são feitas as portadas da nossa casa.
E Casa da Takula ficou por vontade do Pai.
Mas não: desta vez não estamos todos. O Pai não está.
Por mais que a nossa memória o relembre e se espere que, a qualquer momento, ele desça do escritório depois de uma sesta reparadora, ou que suba lentamente a arriba após o seu passeio meditativo, ou que regresse de Peniche onde foi comer as desejadas sardinhas, por mais que esperemos, isso não vai acontecer agora nem nunca mais.
O Pai morreu há quatro meses. De facto, como diz a Sofia, somos seis famílias numa casa construída para uma. A casa foi feita para os filhos e vieram os amigos dos filhos.
A seguir, os namorados, namoradas ,maridos, mulheres. A pouco e pouco foram vindo os netos,os amigos dos netos. E de sete passamos a 25. 25? Não. Falta o Pai. Agora somos só 24.
Contamos um por um. Quantos somos à mesa? 25? Não. 24, falta o Avô. Fisicamente ele não está. Não comenta a política, as notícias, os livros que lemos, as dificuldades no trabalho, os incompetentes chefes que nos calharam em sorte. Já cá não está. Nunca mais cá estará. E faz muita falta. O Pai morreu faz hoje quatro meses. Está sempre presente na nossa memória. Mas não está em casa.
A fotografia do por do sol foi feita pela Sofia do terraço da nossa casa no dia 12 de Agosto