Para que servem os sindicatos?
São ainda, agentes de democratização e Justiça?
Como sempre, eles são instrumento de Justiça social.
Não o conseguirão ser, porém, se não forem firmes nos seus princípios e nos seus valores.
A primeira questão é esta: não abdicar de princípios, não trocar valores por euros.
Um sindicato não é um mero negociante no mercado de trabalho – é um agente de defesa da dignidade do trabalhador como pessoa e um instrumento de coesão social e nacional.
Neste papel, o sindicato não pode ser acomodatício, tem de lutar.
Mas a luta laboral há-de ser justa.
Hoje, a mudança societária é de tal ordem que se verifica, frequentemente, que a greve não causa qualquer prejuízo à entidade patronal, mas, sim, aos cidadãos (greves nos transportes públicos, nos sectores públicos da saúde, da educação, das contribuições, etc.).
Isto coloca a questão dos princípios e dos valores.
Os sindicatos de hoje não podem viver dentro de uma campânula.
Pertencem à sociedade democrática.
Tal como os partidos e outras instituições nucleares da democracia, têm de ganhar o respeito dos cidadãos em geral e não apenas os votos dos seus associados.
Cabe-lhes captar militantes, conquistar simpatizantes, alargar a esfera da sua acção muito para além das negociações colectivas salariais.
Juntar-se a organizações de defesa dos direitos humanos, apoiar os emigrantes, cuidar dos jovens que entram no mundo do trabalho, não esquecer os reformados, promover a igualdade de direitos – na defesa do bem comum.
E renovar os seus quadros, formar novos dirigentes, reflectir e debater autonomamente as questões do nosso mundo e do nosso País, sem preconceitos e chavões, num espírito de humanismo e solidariedade
E não podem deixar-se capturar pelo universo partidário.
Esse é o sindicalismo que precisa de ser hoje para permanecer amanhã.
H. Nascimento Rodrigues
Publicado in «Jornal de Notícias» 21 de Novembro 2002
Pode ver o texto completo no site « Forum Abel Varzim Desenvolvimento e Solidariedade»