O movimento sindical é sempre um movimento social de trabalhadores, visando a defesa dos seus direitos e a promoção dos seus interesses.
Existe um certo entendimento da relação entre a defesa dos interesses dos trabalhadores e o sistema social presente, entendimento que se articula, lógica e necessariamente ainda com um projecto de futuro.
A luta política tem por objecto específico a conservação ou aquisição do poder e, essencialmente, do poder do estado.
A luta sindical tem por objectivo a melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
Mas como estas condições dependem do tipo de poder político existente ou a criar, instaura-se aqui um nexo de relação entre a acção política e a acção sindical.
A partir do momento em que as sociedades actuais são sociedades em que o poder político corporizado no Estado e no seu aparelho atribui a este acrescidas responsabilidades no domínio económico e social, pode o sindicalismo desinteressar-se dos programas da política e do comportamento dos partidos políticos?
A luta laboral não se trava hoje entre patronato e sindicatos, isto é, a luta reivindicativa não se joga apenas a dois visto que, directa ou indirectamente, o Estado está presente e pesa, embora de maneiras diferentes, na solução dos problemas.
O sindicalismo actual encontra-se assim face à necessidade de ter uma intervenção na vida política, a qual se concretiza sob formas variadas: petições, intervenções públicas, manifestações, tomadas de posição etc.
Se os partidos políticos são organizações que visam conquistar o poder com vista a gerir a sociedade de uma certa forma – forma essa que tem a ver com o interesse dos trabalhadores, parece ser inviável ao sindicalismo, alhear-se da existência dos partidos políticos.
Lisboa 1982