Somos um muito antigo País da Europa, com uma identidade nacional secular, forjada no encontro com outras civilizações e caldeada pelo diálogo com outras culturas, cujos valores em grande parte os portugueses acolheram e fizeram seus.
Saberei eu, nesta hora, transmitir-vos a mensagem da unidade essencial do Homem, falar-vos a linguagem do entendimento, expressar-vos as minhas preocupações e, ao mesmo tempo, as minhas esperanças quanto a um futuro melhor?
Neste velho continente, despontam manifestações de xenofobismo, reacções de intolerância, impulsos de egoísmos concentracionistas, como a prenunciar mais convulsões.
Não são, estes, sinais iniludíveis de fundos e sérios desequilíbrios em muitas das nossas sociedades? Não sou pessimista, pelo contrário. Ser livre está impresso na alma dos homens.
Genebra 3 de Junho de 1992