“Não venhas mais ao cais, negra menina.
Que esperas tu ainda?
Já sabes a tua sina:
O branco que partiu não volta mais!
E tu, olhando o cais,
Menina negra, linda,
Vês o teu lindo sonho que já finda…
Cantaram o feitiço do teu corpo,
Nessa noite sensual em que tiveste
Por lençol nupcial uma folha de palma.
Cantaram o feitiço do teu corpo;
Mas não sabias nem soubeste
Que o branco tem feitiço na alma.
Habituada ao balouço da canoa
Nas margens do rio Dande,
E depois embalada pelo amor,
Sonhaste viajar num enorme vapor
Que navega no mar grande
E vai para Lisboa!
Ouve menina negra: mato não é cidade,
Oceano não é rio, dongo não é navio,
E o sonho que sonhaste não é sonho… é saudade…
Não venhas mais ao cais,
Que esperas tu ainda?
Já sabes a tua sina:
O branco que partiu não volta mais!
E tu, olhando o cais,
Menina negra, linda,
Vês o teu lindo sonho que já finda…
Cantaram o feitiço do teu corpo,
Nessa noite sensual em que tiveste
Por lençol nupcial uma folha de palma.
Cantaram o feitiço do teu corpo;
Mas não sabias nem soubeste
Que o branco tem feitiço na alma.
Habituada ao balouço da canoa
Nas margens do rio Dande,
E depois embalada pelo amor,
Sonhaste viajar num enorme vapor
Que navega no mar grande
E vai para Lisboa!
Ouve menina negra: mato não é cidade,
Oceano não é rio, dongo não é navio,
E o sonho que sonhaste não é sonho… é saudade…
Não venhas mais ao cais,
Que o branco não volta mais!”
Geraldo Bessa
PS Encontrei este poema entre cartas escritas na década de 60. Dizia-me o Henrique: “Talvez não gostes muito deste poema modernista de um autor desconhecido, mas ele é genuinamente angolano - e é por isso que eu gostei! "
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