domingo, 19 de maio de 2013

O PROVEDOR E A INJUSTIÇA


IN “Jornal de Negócios” Quinta-Feira, 4 de Junho de 2009
“O Provedor de Justiça tem sido o encarcerado mais célebre de Portugal. Com ele não há presunção de inocência. Para o PS e o PSD, até prova em contrário, a sua tentativa de sair de um cargo para o qual foi eleito em 2000, mostra a sua culpabilidade. Qualquer que ela seja, talvez até estar há um ano à espera que elejam uma qualquer personalidade para o substituir. Nascimento Rodrigues está farto, o que é compreensível. Mas acontece que quer, após nove anos, ir à sua vida. Mas não o deixam. Dentro do espírito retrógrado com que encaram a democracia (uma dança de cadeiras onde há lugares marcados para cada um), PS e PSD não conseguem chegar a um acordo. Que defenda o interesse dos cidadãos e não, apenas, a gulodice dos partidos. O que se tem passado com a eleição do Provedor de Justiça é mais grave do que se pensa. Mostra como a partidarização da administração pública portuguesa se tornou uma monstruosidade. Que amarra a sociedade civil à vontade dos principais partidos portugueses. O PS e o PSD consideram-se pai e mãe da democracia portuguesa. Dividem o país e os cargos do Estado. E sufocam, com esta partilha a democracia. O drama de Nascimento Rodrigues é que, em nome da liberdade o colocaram numa gaiola. Porque nem o PS nem o PSD têm a chave para a abrir. Porque são incapazes de soletrar a palavra liberdade.”

Assina – Fernando Sobral