quinta-feira, 2 de maio de 2013

O SEQUESTRO


A  entrevista que o Henrique concede, (por escrito), à revista Visão é publicada no dia 19 de Março de 2009. Um assunto, (a não eleição do Provedor de Justiça), que era publicamente quase calado entra, assim, para as primeiras notícias dos órgãos de comunicação social.
IN “Semanário Económico” 21 de Março 2009
“A líder da oposição convocou uma conferência de imprensa para dizer ao PS que não se pode arrogar o direito de escolher e indicar titulares para todos os altos cargos do Estado” (…) O Presidente comentou ontem esta polémica, apelando a que o parlamento eleja rapidamente um novo Provedor. ‘ É difícil de compreender que ao fim de tantos, tantos meses, ainda não tenha sido possível chegar a um entendimento’ disse Cavaco Silva”
IN “ Expresso” 22 de Março de 2009
“ Nascimento Rodrigues está disposto a renunciar ao cargo no final do mês, caso, até lá, PS e PSD não cheguem a acordo quanto ao nome do seu sucessor, que deveria ter sido indicado há oito meses. O provedor – que ao longo de oito anos de mandato fez questão em ser discreto na sua actuação – tem vindo, desde Julho, a subir de tom nas suas intervenções públicas (…)”.
IN “Diário de Notícias” 24 de Março 2009
“ O Senhor provedor de Justiça ameaça abandonar unilateralmente as suas funções se não for substituído. Fartou-se de esperar e, porventura, de não lhe darem explicações da demora. É triste – e um sinal dos tempos – que se tenha chegado tão longe. Representa a incomunicabilidade dos dois principais partidos, como não me lembro de nunca ter acontecido”.  Assina, Mário Soares

Claro que alguma imprensa tenta desvalorizar os acontecimentos chegando mesmo a afirmar que aconteça o que acontecer, o Henrique não pode renunciar ao cargo.
IN “ O Sol” 28 de Março de 2009
“ Nascimento Rodrigues está obrigado a permanecer no cargo de provedor de Justiça até à indigitação do seu sucessor ‘Não pode haver abandono de funções enquanto não houver um substituto, mesmo que tenha sido ultrapassado o prazo do mandato’.
Opinião de alguém que se intitula constitucionalista, digo eu. Se o Henrique tinha intenção de renunciar? Depois desta entrevista, sucederam-se duas tentativas para eleger o Provedor de Justiça. A primeira ocorreu a 22 de Maio, a segunda a 29. Nesta data o Parlamento volta a falhar os requisitos de 2/3.
Acreditou, até ao último momento, que haveria entendimento entre os partidos. Não queria deixar a Provedoria sem passar o testemunho. Mas tinha que ser. O interesse da Instituição estava acima de tudo. Tinha que se vir embora mesmo sem sucessor eleito. Menos de 3 meses após a publicação do artigo na revista “Visão” o Henrique renuncia ao cargo.