quarta-feira, 1 de maio de 2013

REFÉM DA DEMOCRACIA


O Henrique percebe que os parlamentares não têm como prioridade a eleição do novo Provedor de Justiça. 2009 é ano de legislativas. Acordo entre dois partidos que disputam eleições? Além disso há luta “feia” pela liderança do PSD, o que lhe retira credibilidade para negociar em força. Pela primeira vez em nove anos, assume publicamente, com veemência, a determinação de se vir embora. Encosta o partido socialista à parede. A entrevista - escrita -  à revista Visão, (19 de Março de 2009), e, passo a  citar,  “é um surpreendente manifesto de indignação. Em que a artilharia pesada é disparada contra o PS, cujo “apetite” pelo seu lugar  lhe provoca críticas afiadas. (…) “O PS  já  ocupa todos os cargos públicos, faz lembrar Zeca Afonso: eles comem tudo” adiantando que “deveria caber ao segundo partido a escolha, embora por consenso, num quadro mais vasto de equilíbrio de poderes. Foi o que fez Cavaco Silva como primeiro ministro e também António Guterres e Durão Barroso (aliás a minha primeira eleição foi no tempo de António Guterres e acho justo recordar isso). (…) Quanto tempo entende o País que esta situação pode ser prolongada? Sabendo-se que, em breve, vamos entrar em longos períodos de pré campanhas eleitorais, o que objectivamente torna mais difícil uma solução de consenso entre PS e PSD, o País acha admissível que o Provedor continue refém destas circunstâncias até ao fim do ano – ou quem sabe, até depois?”.
“O PS não gostou. Em conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros, Pedro Silva Pereira, sem ir ao cerne da questão, acusa o Henrique: “é lamentável que um Provedor de Justiça ainda em funções quebre o seu dever de isenção para dar (ainda por cima por escrito) uma entrevista de puro combate partidário”. E continua dizendo estranhar que, Nascimento Rodrigues, “ em defesa dos interesses do PSD no acesso a cargos do Estado, dê agora mostras de uma energia que não deu tantos sinais ao longo do seu mandato”.
Nada do que se passou teria sido necessário. A política tem coisas que o comum dos mortais não entende. Principalmente quando, na família, só sentimos as consequência, nefastas, dos desencontros dos Governantes.