segunda-feira, 1 de março de 2010

NOTAS POLÍTICAS (3)

Manuela Ferreira Leite declarou num almoço da Câmara de Comércio Luso-Francesa que, se Portugal continuasse pelo caminho que a Grécia seguira, sem nada se fazer, dentro de uns dois anos estaria na situação daquele país.
Foi isto que se ouviu claramente nas reportagens televisivas e, ao ouvi-lo, encolhi os ombros e disse para os meus botões: cá está mais uma verdade de La Palisse dos nossos dirigentes políticos.
Puro engano! Pois não é que, de imediato, o Ministro da Presidência, o Ministro dos Assuntos Parlamentares, o Ministro das Finanças, pelo menos, saltaram para ribalta política e começaram a desancar na senhora, acusando-a de ser anti-patriótica, de estar a agitar os mercados financeiros internacionais, de mentir porque Portugal não estava como a Grécia (o que, de todo, não fôra dito), enfim, exigindo-lhe que se retratasse?!
Pasmei. Se aquela tão inócua afirmação era susceptível de colocar em xeque os interesses nacionais face aos mercados internacionais, então o melhor para os interesses do País seria ignorá-la, não empolá-la. Como não foi isto o que se fez, a única explicação plausível era a de que se estava face à mais baixa politiquice do nosso quotidiano político.
Cada vez mais me convenço de que o principal problema do País não é o défice orçamental, a dívida externa, o desemprego: é a óbvia falta de qualidade dos nossos governantes, a pobreza do nosso sistema partidário que lhe serve de suporte .E disto pouco se fala com receio de se ser acusado de anti-democrata, quando é exactamente o contrário: é da boa qualidade da vida partidária que em muito, embora não em exclusivo, depende a saúde da nossa democracia.