quarta-feira, 10 de março de 2010

NOTAS POLÍTICAS (9)

É muito interessante observar a evolução de certas coisas, por exemplo, as alterações aparentemente inócuas, mas na realidade profundas, que o “PÚBLICO” vem registando desde a entrada de um novo director, após a saída mal explicada do anterior titular, cujas ideias eram conhecidas através dos seus editoriais.

Se lermos o editorial de hoje, dia 9 de Março, por exemplo, é verdadeiramente escandaloso começar-se por deparar com estas afirmações: ”Após a revelação integral do Plano de Estabilidade e Crescimento, será muito difícil a alguém criticar o Governo por tapar os olhos à gravidade da situação das finanças públicas.”

O que é, afinal, espantoso é que este PEC contempla apenas de um modo parcial e incompleto ideias que Manuela Ferreira Leite e muitos outros defendiam há muito, desde muito antes das últimas eleições legislativas. Ideias essas, recorde-se, que Sócrates e o PS combateram vigorosamente! E foi com essas ideias que ganharam as eleições- democraticamente, claro, mas iludindo totalmente o Povo.

Pois, agora, eis como se dá a volta às coisas: em lugar de se sublinhar vigorosamente que o PS se enganou totalmente nas suas previsões, escondeu completamente a situação dos olhos dos portugueses, fez “batota eleitoral” portanto, não - o que se vem dizer é simplesmente isto: que grande Governo temos nós!

O que vale é que se torna mais fácil apanhar um mentiroso do que um coxo, como popularmente se diz. No editorial de hoje, dia 10, depois de perceber as primeiras reacções dos especialistas ao teor do PEC, o que escreve a mesma editorialista? Apenas isto: ”Ou o Governo não tem todas as contas feitas ou, não sendo isto verdade, tinha o dever de as mostrar ao país”. E vai daí desanca forte no PEC e sova o Governo…

É nisto que dá certo tipo de alterações editoriais. Por mim, prefiro as que são clarinhas como água do que aquelas que andam aos ziguezagues e que acabam por não agradar nem a gregos nem a troianos.