quinta-feira, 20 de outubro de 2011

DEDICAÇÃO

A 23 de Fevereiro, de 1983, vésperas do Congresso do PSD, no Hotel Montechoro, o Henrique é entrevistado pelo jornal “A Capital”. Quando se refere à sua falta de tempo para o convívio familiar, diz esperar que os filhos compreendam que não anda na política por ambição.

"Estou à espera do momento em que possa ser dispensado da actividade partidária que hoje exerço como vice-presidente do PSD, embora tenha a intenção e o desejo de exercer qualquer tipo de funções em que sinta ser viável o aproveitamento efectivo daquilo que aprendi ao longo destes anos e que não quero, eu próprio, desbaratar. Julgo que nenhum homem tem o direito de se recusar a dar aos outros, e a si mesmo, o contributo da sua especificidade individual e o património da sua experiência humana e profissional. Se isto é assim em qualquer período, por maioria de razão o deve ser na fase conturbada que o nosso País atravessa. E continua:

“ Julgo que a minha família, onde pontificam cinco filhos cujas idades vão dos 9 aos 16 anos, é quem mais tem pago com a indisponibilidade de tempo que obsta à obrigação de viver e conviver com ela mais assiduamente. Talvez os meus filhos venham a não compreender e não aceitar isto, e essa é uma probabilidade que me apoquenta. Se isto vier a suceder, creio que a única compreensão que lhes pedirei será a de reconhecerem que não tenho andado neste turbilhão de vida por motivos de ambição material nem por ambição de cargos.

Eu acredito que não são as soluções radicalizantes e messiânicas as que farão sair Portugal do seu estado de atraso.

Mas espero bem que não se repita o erro de não haver coragem, firmeza e convicção para mudar na tolerância e regenerar na solidariedade”