segunda-feira, 31 de outubro de 2011

LIBERDADE, JUSTIÇA, SOLIDARIEDADE

"A Liberdade não é para nós, tão só o somatório dos direitos políticos fundamentais, pese embora a enorme importância da aquisição e consolidação destes limites.

Ser livre significa para um social-democrata não estar dependente, senão na estrita medida justificadamente demarcada pela justiça e suposta pelas exigências da Solidariedade. Liberdade, na sua acepção mais ampla, é a efectiva possibilidade de cada um poder desenvolver a sua personalidade do ponto de vista simultaneamente político, económico e cultural.

A Justiça assegura a cada homem direitos iguais e condições de partida idênticas, por forma a que a sua vida em sociedade possa desenvolver-se na garantia da liberdade completa e real.

A Solidariedade, palavra que para nós, social-democratas, é tão cara e tão rica de significado, exprime a consciência profunda de que nós, como seres livres e iguais, só conseguiremos viver humanamente e conviver fraternalmente se nos sentirmos reciprocamente responsáveis e se agirmos em sociedade no sentido do auxílio mútuo.

Estes três valores são indissociáveis e nenhum tem primazia sobre os outros. Proclamamos o nosso combate por uma ordem social nova e melhor, no sentido de uma sociedade mais livre justa e fraterna.

Este objectivo atinge-se, do nosso ponto de vista, de acordo com uma via realista, flexível e permanentemente ajustável porque as condições sociais, sobretudo no mundo de hoje, sofrem mutações constantes e muitas vezes de alcance incalculável. Mas se a via de consecução dos nossos objectivos políticos é pragmaticamente renovável, ela tem que ser coerente e eficaz face aos objectivos, porque estes é que não são mutáveis e não podem ser equacionados de acordo com as circunstâncias. É preciso, pois, que estejamos bem conscientes e firmes na defesa dos valores supremos que constituem o suporte ético - político da nossa acção."

Coimbra, 8 Novembro 1981

Publicado no “Povo Livre” em 18 de Novembro de 1981