quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CONSERVADORES, LIBERAIS, COMUNISTAS, FASCISTAS.

"Os Conservadores enganam-se ao supor que pode haver autêntica liberdade onde existem discriminações e diferenciações abruptas de riqueza e de poder.

Os Liberais não têm em conta que a vida em sociedade não se gera harmoniosamente sem solidariedade, impondo-se o mais forte contra o mais fraco.

Os Comunistas erram também ao pensar que a igualdade pode brotar alguma vez da falta de liberdade e na ausência de uma solidariedade não imposta, antes assumida consciente e livremente.

E os fascistas viram desmentida e recusada pela experiência histórica a falsa convicção de uma pretensa comunidade nacional de interesses fundada também na falta de Liberdade, de Justiça e de Solidariedade.

Porque razão estes três valores básicos da social-democracia são decisivos? Porque só através da sua configuração concreta é possível romper com a desordem e perturbações reinantes na sociedade mundial e abrir caminho seguro para uma ordem social interna menos angustiante.

À escala mundial, as contradições, as desigualdades e as injustiças são gerais e atingem tanto os países industrializados quanto os países em vias de desenvolvimento ou os subdesenvolvidos. Afectam igualmente as sociedades capitalistas ou de raiz capitalista quanto as sociedades ditas socialistas.

Passa fome uma larga faixa da humanidade. Neste dealbar do século XXI, ao lado de vivências reveladoras de uma alta capacidade de conhecimento tecnológico atingido pelo Homem, milhares de crianças, de mulheres, de homens, em países sobretudo de África Ásia e América Latina vivem em estado de subnutrição vegetam sob endemias, morrem de fome e de doenças que há muitos anos já, nos países desenvolvidos, ou são facilmente curáveis ou desapareceram mesmo das preocupações da saúde pública.

E, enquanto isso se passa, a corrida aos armamentos parece aumentar de velocidade de um lado e de outro, chegando-se ao paradoxo de vermos países, cujas populações vivem ainda os estigmas de um passado feudal, assumirem-se como candidatos a potências nucleares! E não falo sequer das fatias cada vez mais grossas do orçamento de países desenvolvidos, que são aplicadas em despesas de armamento e cujo montante, se pudesse ser desviado, num quadro de garantias sérias de paz e cooperação internacionais, decerto mudaria a fisionomia da sociedade mundial."

Novembro 1981