Maio de 1985. O Henrique era Director do Orgão oficial do PSD - Povo Livre. Carlos da Mota Pinto, ex líder do partido, tinha morrido subitamente no dia 7 de Maio. Preparava-se o XII Congresso do PSD, que decorreria a 17/18/19/, desse mês, na Figueira da Foz.
A 15 de Maio, no Editorial do Povo Livre, e, dirigindo-se aos delegados ao Congresso, o apelo e o alerta:
“Que vamos nós, responder ao País, companheiro amigo?
Tu vieste de Monção, de Leiria, de Faro ou do Funchal e da Horta, ou de Paris e Toronto se és emigrante. Nós somos carne de Portugal feito comunidade espalhada além fronteiras. Somos filhos desse Povo que tem berço nas escarpas do Douro e nos picos da Estrela, que fez ninho nos barcos de pesca aproados em New Bedford, que palmilhou as anharas da Cameia e os trilhos de Bamabadinga. Povo que foi e retornou, que saiu e não voltou, ou que nunca se aventurou.
Viemos daí, somos daí. Temos orgulho nos padrões da nossa história e da nossa cultura. E por isso respondemos ao País, em primeiro lugar, que não sabemos propor para onde vamos sem dizer de onde viemos. Não queremos fazer Portugal, esquecendo Portugal.”
Referindo-se Francisco Sá Carneiro, Nuno Rodrigues dos Santos e Carlos da Mota Pinto:
“ Eles deixaram-nos a marca indelével dos valores que constituem essência e património comum da Democracia e transmitiram-nos o ensinamento revigorado de que cada homem nasce com direitos a liberdades e com o dever de responsabilidades, sem as quais não será ele próprio, na sua identidade e dignidade medulares. Identidade e dignidade que têm de ser garantidas a todos, porque se o não forem nenhum de nós será verdadeiramente livre.
Sabemos que o Futuro já começou. Temos de o ganhar fazendo do Presente o rio impetuoso que desagua no mar desse Futuro.
Cada um de nós é uma gota desse rio. Se nos perdermos do leito a que pertencemos, o rio será riacho, o riacho pode transformar-se em fio de água. É indispensável portanto, que saibamos estar unidos sob a identidade que faz de nós o mesmo rio.”