"NÃO!
Oh Não! O Pai esqueceu-se de mim… no meio do meu fato de judo branco, sentado na escada da porta do nosso prédio cinza, esperei sem saber o quê.
Oh Não! O Pai esqueceu-se de mim… no meio do meu fato de judo branco, sentado na escada da porta do nosso prédio cinza, esperei sem saber o quê.
O Pai esqueceu-se de mim…. somos
muitos, somos vida na rotina e eu fiquei para trás.
Esperei….
Acho que esperei por ele toda a
minha vida…. ou por mim quem sabe. Esperei para o conhecer, a ele que era o pai
mais conhecido da minha turma.
Continuei sentado… o pai
esqueceu-se de mim.
Escrevo agora com um sorriso no
rosto. Porque foi um esquecimento de amor. Já estou tão junto dele que agora é
só ligar o carro, claro! Já estou tão junto dele que o Diane se encarregará
sozinho de me levar à escola. Já estou tão junto dele que os meus irmãos devem
ter pensado que o pai guardou o Nuno no bolso e no infinito da sua altura (para
mim o pai era muito alto) arrancou o Diane para não chegarmos mais tarde. O
fato de judo alguém o irá buscar.
O Pai não se esqueceu de mim.
Escrevo agora para não me esquecer de ti. Eu não me vou esquecer de ti. Porque
já estás tão junto de mim que não há rotina que me faça deixar de te viver. Eu
não me vou esquecer de ti."
São vinte e dois meses hoje.
Nenhum de nós se vai esquecer de ti. Nenhum de nós deixará de te viver.