quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

OS HOMENS BONS NÃO PODEM MORRER



“Não é difícil vaticinar às celebridades políticas que por aí circulam um magro quinhão de notoriedade no álbum póstumo das glórias. Não que careçam de diligências e virtudes para encontrarem a pose ajustada ao merecimento de darem um nome a uma rua. A questão é outra. A política é negócio de vivos (quando não de vivaços, o que torna o negócio menos digno de passar à história). Querelas que se revelam ninharias quando pensamos na morte com profundidade de alma que esperamos (todos mais ou menos mesmo os ateus) entregar ao criador. Vencer a morte em acto de memoralismo, não a vencem tais pugnas. A não ser que o génio de algo que transcende o político, mesmo que nele se exprima, arrebate a conduta do Homem que age na esfera política.”
Natália Correia  in Espaço Magazine nº7 Janeiro de 1981

O Henrique foi este tipo de político.  “Foi alguém com uma visão e um projecto para Portugal. Tinha de Portugal uma leitura muito própria e olhava o seu país com uma visão estratégica, que hoje muito nos falta. Acreditava na identidade nacional e era um crente nas virtualidades do verdadeiro diálogo e da escuta activa, aqueles que se fazem com fé na postura, descrição nos procedimentos, esforço para entender a razão dos outros e empenho efectivo na busca de soluções possíveis. Estava nos cargos pelo tempo que pudesse ser útil e servir. Que tempo era esse, ele o media, na intimidade e na serenidade das suas convicções. Confiava profundamente na capacidade de envolvimento da sociedade civil e, por isso como português, comprometeu-se com o desempenho de cargos públicos e serviu de forma singular o seu país, com profundo sentido de serviço à causa pública, de desinteresse, de desapego de bens materiais, de abnegação e, tantas vezes – principalmente no fim - com enorme sacrifício pessoal. Era um actor da vida, no sentido de ser um fazedor. Não gostava de palcos. Era um homem de silêncios, às vezes de longos e profundos silêncios”. ( Sofia Nascimento Rodrigues)
Abria-se com a escrita, onde se revelava profundamente directo, inteligente, cáustico e sentimental. Não podemos deixar morrer os Homens Bons; por isso a sua escrita, os seus valores continuarão no seu blogue