sexta-feira, 2 de março de 2012

CONTRA A AGITAÇÃO SOCIAL


Em 1982, acelera-se a movimentação laboral. A CGTP decreta, para 12 de Fevereiro, uma Greve Geral sem o apoio da UGT. Dias antes  (6/2/82), há um atentado á bomba (reivindicado pelas FP25), em casa do Secretário Geral da UGT.
 É neste contexto que o Henrique faz, enquanto vice presidente da comissão política do PSD, as seguintes declarações:
 “Só os ingénuos, ou os que não querem ver, é que não retirarão a conclusão de que se pretende criar no nosso País, uma situação de confusão, indecisão e desestabilização, situação que é caldo de cultura propício para que as forças totalitárias e seus companheiros de meias tintas recuperem um poder que começaram a perder com as vitórias da AD.
A face do terrorismo surgiu às claras e é altura de todos os portugueses compreenderem os verdadeiros objectivos antidemocráticos da greve geral. É conhecida a posição clara e corajosa da UGT e do seu Secretário Geral no que respeita à condenação da greve geral do dia 12 de Fevereiro pelo que não pode duvidar-se de que este vil atentado terrorista pretenda ser uma resposta para aterrorizar os responsáveis da UGT, os trabalhadores democratas e a população portuguesa. É ainda altura de respondermos ao terrorismo e à desestabilização provocadas pelas forças extremistas e totalitárias com serenidade e calma, mas também com a mais firme determinação de preservarmos o regime democrático e a convivência pacífica entre os portugueses. Nesse sentido a resposta do PSD é só uma: no próximo dia 12 todos ao trabalho, em cada local e em cada posto de trabalho; cada um de nós vai defender a democracia e a liberdade. A nossa resposta vai exprimir-se em todo o País. Os sociais-democratas não têm dúvida sobre a sua resposta. No dia 12, nós não faltaremos, sejam quais forem as dificuldades, aos nossos locais e postos de trabalho.
Sem medos que não se justificam, sem exaltações que nunca são timbre de democracias firmes e por isso serenos, sem hesitações ingénuas que misturam o essencial com o acessório e que confundem os planos, diferenciados, da defesa do regime democrático e da oposição legítima à actuação governativa.
Isto não tem nada a ver com o legítimo sentido de oposição democrática daqueles que não votaram na actual maioria e nela não acreditam. Isto nada tem a ver com a insatisfação que possa ser sentida por faixas de trabalhadores portugueses face às dificuldades suscitadas pela crise que atravessamos”

I                                                       N “ Portugal hoje” 8/2/1982