segunda-feira, 26 de março de 2012

ESTADO – PROVIDÊNCIA, O RUBICÃO


A 9 de Junho de 1983 toma posse o IX Governo Constitucional. A 23 de Julho o Henrique afirma, numa reunião com militantes, em Torres Vedras: A recuperação de Portugal só é possível com o trabalho de todos os Portugueses e a compreensão para aceitar medidas que impliquem sacrifícios”.
Mais tarde, pouco tempo antes de partir para a Guiné – Bissau em missão da OIT respondia, assim, às perguntas do órgão oficial do PSD, “O Povo Livre”:
Povo Livre – Falou da crise internacional e interna. Na perspectiva social – democrata quais são as compensações sociais a implementar como contrapartida da austeridade?

Nascimento Rodrigues - Na situação com que nos defrontamos não me parece que seja avisado encarar o conteúdo das prestações sociais pela mesma forma por que era encarado há uns anos. Verifico que ocorrem restrições e recuos em praticamente todos os países, mesmo nos de economia desenvolvida e sob governos de tendência não conservadora. Altas taxas de desemprego, normas salariais imperativas, taxas moderadoras na saúde, etc. são situações que se vêem por essa Europa fora. O “Estado – Providência” confronta-se com esse rubicão de não lhe ser possível distribuir mais.
Não se deve, portanto, esperar do Estado o que não é viável que o Estado conceda. E isto põe-nos o problema de saber o que é que cada um de nós, na sua individualidade sagrada e na sua inserção social histórica, deve fazer para que se criem laços e mecanismos de uma solidariedade social efectiva. Porque é nesta que repousa o mais sólido fermento de um progresso equitativo.”
IN "O Povo Livre" 14 de Setembro de 1983