quarta-feira, 7 de março de 2012

O COLAPSO DA AD


Difícil, o ano de 1982! A revisão da Constituição só é aprovada em Setembro. Há agravamento da crise económica e financeira. Torna-se necessário a venda de reservas de ouro do Banco de Portugal. O FMI vem a Lisboa. Na política partidária acentua-se um movimento (em ambos os partidos), tendo em vista a institucionalização da AD e, o apagamento progressivo do PSD. Para isso tornava-se importante desacreditar quem pensasse em sentido contrário. O Henrique foi envolvido nessas guerras, quer por militantes do PSD, quer do CDS. Não foi fácil!
No meio de tudo isto, greves gerais desencadeadas pela CGTP-IN (Fevereiro e Maio). Uma pergunta pairava nos órgãos de comunicação social:
Como é que as greves decretadas pela CGTP tinham uma adesão que ultrapassava de longe a efectiva implantação do Partido Comunista? Questionado sobre este assunto respondeu o Henrique.  
N.R. – “Penso que, fundamentalmente, por duas razões: por um lado, porque em determinados sectores, nomeadamente nas empresas públicas, não desapareceu totalmente o ambiente de receio e de temor criado, anos atrás, pelo PC quando hegemonizava o poder sindical. E, por isso, muitos trabalhadores que não são comunistas ainda hoje ou têm receio ou estão suficientemente descontentes para lutarem contra esse ambiente que ainda perdura. Em segundo lugar, é facto real que os trabalhadores sentem que os seus salários não acompanham em tempo oportuno, a degradação sofrida no respectivo poder de compra. Seria necessário, por isso, prosseguir com firmeza e verdade uma política salarial justa que se fizesse acompanhar, por consenso, de medidas de aumento da produtividade. Não é possível distribuir mais riqueza se não criarmos condições para que exista mais riqueza. E isso passa por um esforço conjugado de trabalhadores, quadros técnicos, empresários responsáveis  governamentais, em suma das forças políticas e sociais”.
Será que a Intersindical poderá ainda participar no consenso democrático tão necessário à recuperação do País?
NR – Se a Inter não quiser entrar é ela que se auto marginaliza da construção do futuro. Nunca poderemos identificar o tipo de militância e estrutura organizativa dos partidos democráticos com as do PC. Está aí a raiz da diferença entre democracia e o totalitarismo. Os partidos sociais – democratas vivem uma liberdade e possibilidade de discordância que torna, aparentemente, difícil a capacidade de resposta ao PC. Mas é essa mesma liberdade a semente mais importante da resposta a dar às tentativas de implantação comunista. E volto a falar no consenso: o que está em causa são questões de regime e, creio as forças democráticas, sob pena de inviabilizarmos o nosso futuro, saberão dar a resposta adequada.
O colapso da AD  dá-se em Dezembro a seguir às eleições autárquicas.
Freitas do Amaral e Pinto Balsemão, demitem-se quase em simultâneo do CDS e do PSD
Pinto Balsemão mais uma vez apresenta o pedido de demissão como primeiro ministro. Desta vez não volta atrás.