terça-feira, 20 de março de 2012

PRIVILIGIAR OS QUE TRABALHAM


1983- Os partidos entram em campanha eleitoral. O Henrique é o responsável pela preparação do manifesto eleitoral do PSD. A política de recuperação económica e as eventuais alianças pós – eleitorais são os principais temas de debate e intervenção.

 PERGUNTA- A política de recuperação económica depende muito da estabilidade existente no mundo laboral. Qual a estratégia do PSD neste sector?

 Nascimento Rodrigues-“O  PSD sempre defendeu que seria necessário fomentar uma política de consenso social. Defendemos um consensualização social coerente patriótica e democrática. Isto significa que procuramos associar organizações sindicais e patronais a uma política concertada de trabalho e de justiça. Mas não estamos dispostos a deixar-nos conduzir para caminhos que nunca mais tenham fim, ou para tácticas de penoso arrastamento de soluções.  O diálogo social não é sinónimo de “conversa de surdos”, nem pode significar bloqueamento, subtil ou aberto, a medidas de fundo que são necessárias para viabilizar o progresso económico e potenciar maior justiça social no futuro.
Se formos Governo – e só o seremos com uma votação adequada ao estatuto de grande partido popular- exerceremos o poder com autoridade democrática, com firmeza e com sentido de equilíbrio e de justiça.
Não favoreceremos uns contra outros, numa óptica classista e de raiz quer marxista, quer de liberalismo passadista. É sob uma visão moderna e de reformismo realista que apoiaremos os que trabalham, os que investem criando emprego, os que se dedicam com competência e esforço a criar progresso e a gerar riqueza.
Estamos contra os que especulam com o crédito ou que o desviam das suas finalidades, estamos contra os que boicotam o trabalho honesto de quem quer trabalhar. Somos a favor da liberdade sindical na independência e autonomia dos sindicatos e das organizações patronais. Somos contra os que transformam certos sindicatos em “câmaras de ressonância” repetitiva da voz de forças partidárias, ou que fazem de certas organizações patronais palco  de encapotadas movimentações político-partidárias.
Em regime democrático não se pode permitir a confusão do estatuto institucional das forças partidárias com a dos parceiros sociais.
Não consentiremos numa inversão dos fundamentos e valores da Democracia. Por isso, respeitamos os legítimos interesses colectivos dos agentes económicos e sociais.
Somos pelo reformismo social-democrata, somos por uma política nacional de trabalho e de justiça".
IN “O Tempo” 7 de Abril de 1983