sexta-feira, 9 de março de 2012

UM CIDADÃO AO SERVIÇO DOS OUTROS CIDADÃOS


A 8 de Junho do ano 2000, véspera da tomada de posse como Provedor de Justiça, (1º mandato), o Henrique dá uma entrevista ao jornalista Pedro Vieira da revista Visão. Esta entrevista permite-nos fazer uma breve revisão do seu percurso político e pessoal.

“ Muito antes de Guterres desfraldar a bandeira do diálogo, já Henrique Nascimento Rodrigues, 59 anos, dava corpo ao manifesto pela concertação social e pelo tripartismo, isto é, a busca de consensos entre patrões, trabalhadores e Governo. “Hoje em dia já tenho medo de falar de diálogo. Há duas décadas porém, a palavra diálogo não estava gasta pela luta político partidária”. Ministro do I Governo Balsemão em 1981, continuou defendendo o “diálogo social alargado” apesar de Portugal ter o FMI à perna, a exigir medidas de austeridade.
Já não fez parte do Governo seguinte, sacrificado às exigências do CDS parceiro do PSD na AD (Aliança Democrática). Sai por cima, prestigiado junto ao mundo sindical e da ala esquerda do PSD, ao qual aderira em 1 de Janeiro de 1978. É indicado para representar Portugal na administração da OIT. Mais tarde, como consultor da OIT e, também, como director do gabinete de Cooperação com África, do Ministério do Trabalho, Nascimento Rodrigues volta aos países africanos de língua portuguesa. É um regresso às origens. Nascido no Luso, actual Luena, Angola, onde o pai era funcionário público, aos 17 anos rumou a Lisboa para a Faculdade de Direito. Terminado o curso, começou a trabalhar em 1964 no Fundo de desenvolvimento da Mão de Obra.
Com a revolução de 74, liga-se ao movimento sindical. Está na origem da UGT e é um dos fundadores da TESIRESD (Tendência Sindical Reformista Social Democrata). Mas rejeita a classificação de sindicalista “ Só o é quem é eleito pelos trabalhadores para cargos sindicais”.
É deputado a várias legislaturas e no Congresso do PSD, em Montechoro, em 1983, forma com Eurico de Melo e Mota Pinto a Troika dirigente do partido. Em 1985, no Congresso da Figueira da Foz, opta por não se envolver na disputa que levaria Cavaco Silva à liderança laranja.
Em 1986, defende Rui Oliveira e Costa num processo de expulsão do PSD, por ter participado num comício de sindicalistas de apoio à candidatura de Mário Soares a Belém.
Em 1992 é eleito pela Assembleia da República para Presidente do Conselho Económico e Social.
Conta que, numa recepção em Madrid a Presidentes de Conselhos Económico Sociais, surpreenderia o Rei de Espanha ao revelar-lhe que se tinham encontrado, por volta de 1948, numa viagem que o futuro monarca fez a Angola, em companhia de seu pai o Conde de Barcelona.
Os primeiros tempos, como Provedor de Justiça, são para conhecer a casa, onde quer” ser um cidadão que possa servir os outros cidadãos”

IN “ A Visão” 8 de Junho de 2000