Estamos na época das chuvas e quando cai uma boa chuvada – o que é muito frequente em Santa Catarina, região que neste aspecto é anualmente privilegiada, a estrada fica intransitável e os carros não vêm até cá.
Para teres a noção do que se passa nesta época, vê o que acontece com os correios: 4 dias da Praia até aqui, num trajecto que a camioneta faz em duas horas.
Como tem chovido com regularidade, tenho passado o meu tempo em casa, quando chove, e a dar uns passeios pelas redondezas, quando não chove.
Esta zona é lindíssima. Eu pelo menos não me canso de a admirar. Faz lembrar muito a metrópole, pois todas as serranias são mondadas até aos cumes e muitas vezes as culturas vêm até à estrada, num aproveitamento total do terreno; mas também faz lembrar África, sobretudo por causa dos pretos que, na ilha de Santiago são a raça predominante. Claro que são pretos diferentes dos de Angola. É gente com rudimentos de civilização, embora este seja um povo subdesenvolvido.
Já comecei a estudar… um pouco. Quando pego num livro sinto-me esvaído do cérebro. Mas se Deus quiser, hei-de começar a estudar melhor.
O barco que me levará de regresso é o “ Manuel Alfredo ”; partirá da Praia a 9 ou 10, isso não sei, nem eu, nem a própria companhia.
Por enquanto, está assente que será este o barco em que vou. No entanto, às vezes passa por aqui um navio extra, creio ser o “Ana Mafalda”, e se porventura ele passar em data mais oportuna que 10 de Setembro e menos que 25 do mesmo mês, então vou nele. Mas, por ora, não tenho conhecimento de tal.
29 de Agosto 1963