1979. O Henrique é convidado pelo Governo dos Estados Unidos a visitar o país, durante cerca de um mês. Durante essa visita, entendida como uma visita de estudo, entra em contacto com o respectivo Departamento de Estado do Trabalho e com organizações sindicais e Universitárias.
Está em Washington entre 3 e 8 de Setembro, segue para Nova Iorque onde fica até dia 12. Segue-se Nova Bedford, de 13 a 16, posteriormente Freeport até 19, a seguir São Francisco e Los Angeles onde a 26 de Setembro termina a viagem, seguindo para Porto Rico
Durante a estadia em Washington, também como convidado, participa no Congresso Sindical da AFL-CIO.
São algumas memórias dessa estadia que começaremos hoje a editar
A viagem foi boa mas cansativa. Não tive problemas de maior, embora tivesse que me “desenrrascar” sozinho em Nova Iorque ao tomar o táxi para o aeroporto de La Guardia.
É que o sistema das linhas internas americanas é muito diferente do nosso: entra-se no avião sem comprar bilhete e segue-se viagem! É no avião que se paga (ou, como no meu caso, se mostra o bilhete com que já vinha). Ao chegar aqui tinha à minha espera um representante do Departamento de Estado e o meu intérprete. Este é um velhote simpático, um luso-americano, que fala bem português e já viveu 4 anos em Lisboa, onde deu aulas de inglês. Está instalado no mesmo hotel do que eu e vai acompanhar-me durante toda a viagem.
Estou espantado como pode um país como este gastar tanto dinheiro para receber um visitante não ilustre como eu. Basta pensar que os E.U. recebem milhares de visitantes convidados todos os anos.
As minhas primeiras impressões são excelentes, embora hoje esteja um dia péssimo. Esteve a chover permanentemente, dizem-me que é influência de um furacão qualquer que abala a costa sul.
Estou instalado numa boa residencial, mas muito cara: 40 dólares só pela dormida. O meu quarto é uma suite, que até tem cozinha equipada, sala com televisão a cores (nove canais) e rádio, enfim muitíssimo confortável.
Mas ainda vi pouco da cidade, e não me parece que tenha grande tempo para isso. O programa profissional não tem sido apertado mas está organizado de tal modo que entre as entrevistas medeia uma hora ou mais e isto acaba por ser tempo perdido. Por outro lado, os horários das refeições são diferentes; almoça-se às 12 horas e janta-se das 6,30 às 7,30. Como a maior parte das lojas fecham cedo, venho para o Hotel descansar até à hora de jantar.
Os táxis são muito caros e só se pode andar de metro – que, aliás, é um verdadeiro luxo de limpeza e comodidade, como não imaginava poder existir.
Amanhã saio depois de jantar para ir a Georgetown, mas como o intérprete já é velhote julgo que não vou ter companheiro para a parte mais turística."