domingo, 23 de dezembro de 2012

A DEMOCRACIA É OBRA DE HOMENS


“ Tenho para mim que a Democracia é permanentemente imperfeita, porque é obra de Homens e não conheço Homens perfeitos. (…). No quadro dos países europeus em que Portugal se integra, costumamos dizer que as nossas democracias estão consolidadas.
É bem de ver que, quando dizemos isto, estamos a referir-nos, fundamentalmente, à consolidação dos direitos, liberdades e garantias fundamentais do cidadão: a não suspensão do exercício desses direitos, salvo em caso de estado de sítio ou de emergência declarados na forma prevista na Constituição; o acesso ao direito e aos tribunais; a inviolabilidade da vida humana e a proibição da pena de morte, bem como da integridade moral e física das pessoas; o direito à identidade pessoal, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação; o direito à liberdade e segurança; a inviolabilidade do domicílio e da correspondência privados; a liberdade de expressão, de informação e de imprensa; a liberdade de consciência, de religião e de culto; a liberdade de aprender e de ensinar; a liberdade de reunião, de manifestação e de associação, incluindo a liberdade sindical; a liberdade de escolha da profissão – enfim, um largo catálogo de direitos cívicos e políticos que, ao longo de décadas, as nossas constituições foram, umas vezes impulsionando, outras vezes acolhendo na sequência de fundas movimentações políticas e cívicas dos cidadãos e das suas representações colectivas, como a história o documenta.
E depois as nossas Constituições e as nossas leis albergam um segundo conjunto de direitos fundamentais – os “direitos económicos, sociais, e culturais” -,  fruto, também eles, de uma larga sedimentação social, que os Estados acabaram por normativizar, uns mais amplamente, outros menos generosamente
Enfim, nós defrontamo-nos, hoje, com aquilo a que se vem chamando uma terceira geração de direitos fundamentais – a defesa do ambiente, do património cultural, os desafios que nos colocam as novas tecnologias e as novas formas societárias, para só dar alguns exemplos – e isto convoca-nos a encarar sob uma luz nova e diferente estes jovens direitos, estas novas realidades". (…)

 Excerto de uma intervenção, feita em Luanda, em 12 de Outubro de 2006, durante um Workshop Internacional sobre: “ Mandato e Função do Provedor de Justiça “Ombudsman”