sexta-feira, 29 de março de 2013

A IMPORTÂNCIA DE UM ACORDO


O ‘Ouvidor do Kimbo’ é um blogue de memórias. Memórias que foram, memórias que são, memórias que se enredam umas nas outras e se tornam dolorosamente presentes. Abordar, hoje, passados que são quatro anos, esses  inutilmente dolorosos meses que decorreram entre o fim do mandato do Henrique como Provedor de Justiça e a inevitável renuncia, não é tarefa fácil, mas é imperativa.
Para a nossa filha Sofia, “o modo como o Pai viveu o início do processo que deveria conduzir à sua substituição, com naturalidade, mas expectativa, traduzia, afinal, o entendimento que toda a vida defendera no que respeita à importância dos processos de negociação livre e da necessidade de se fazerem esgotar as tentativas de acordo”. Acordo em que sempre confiou . Ao fim e ao cabo tratava-se exclusivamente de sentar à mesma mesa, democraticamente, os líderes do PS e do PSD,  para surgir um entendimento acerca de uma coisa muito simples: escolher, entre tantos candidatos, um novo titular para um órgão constitucional. O Henrique acreditou até fins de Maio de 2009 que isso ia acontecer. “Mas preocupava-se com o atraso e os sinais que ia tendo da não resolução da situação, considerava o atrasodesprestigiante para quem o provoca, não salutar para um Estado de Direito Democrático e a afectar uma instituição que tinha ganho credibilidade pelo serviço prestado na defesa dos direitos das pessoas”. Entendeu que devia colocar em primeiro lugar a instituição pela qual era o máximo responsável – a Provedoria de Justiça – e os seus colaboradores.
Aguarda, desde Junho de 2008 numa crescente preocupação a eleição do seu sucessor. Mas em momento algum lhe foi prestada informação sobre o processo em curso.  
É verdade. Todas as informações que tinha, vinham da comunicação social. O Parlamento, responsável pelo cumprimento da lei que os obrigava a eleger o Provedor de Justiça, assobiava para o lado, como num prenúncio dos tempos que aqui estão.