quinta-feira, 7 de março de 2013

NOITES DE ANGOLA


Na entrevista conduzida por Ana Sousa Dias o Henrique confessa, como lemos, que tem saudades da sua terra, dos seus cheiros das suas cores. Aos 17, 18 anos, o Henrique era só emoções, sentimentos à flor da pele, que se revelavam  quando escrevia, e podem crer que escrevia muito. Neste texto de 1958, podemos sentir a mágoa  de alma por estar longe da terra onde nasceu:
“Noites da minha terra! Noites que são pedaços de mim próprio, porque na pureza do ar está a pureza da minha alma e, na sensualidade do mistério que as envolve, está a sensualidade do meu sangue quente desse sangue que eu sinto ferver dentro de mim!
Oh, noites de Angola! Noites de magia tropical, de sedutora beleza e perfume inebriante! Noites puras e sensuais ao mesmo tempo, em que a alma ingénua de uma criança se possa aliar ao sangue quente da mocidade! Noites que não têm principio nem fim, porque nasceram não se sabe quando, e morrerão só quando deixarem de ser noites de Angola.

Noites de Angola! Noites da minha terra! Poemas imorredoiros de Amor e Paz, escritos pela Mãe Natureza, destes à luz da vossa sombra a alma eternamente enamorada que eu sou!
Noites de Angola – porque tão longe me ficastes?
Saudade meu bem Saudade"……

Lisboa 1958