A vida é feita de
pequenos passos que merecem ser revisitados. Voltamos a 2005, primeiro ano do
segundo mandato. “Só pode ter dois mandatos consecutivos”….
Felizmente, afirma o Henrique em entrevista à antena 1.
Ana Sousa Dias - Felizmente porquê? Falou-me da beleza
desse seu cargo relacionado com os problemas humanos das pessoas.
Estes cinco anos
deram-lhe uma visão diferente do que é Portugal?
Nascimento Rodrigues- “Deram-me
uma experiência que eu não tinha porque de facto o cargo de Provedor permite
ser uma espécie de mini observatório sobre aquilo que se passa na Administração
Pública de Portugal.
Eu trabalhei na Administração Publica, portuguesa. Tinha
algum conhecimento dela, mas inegavelmente agora tenho um conhecimento melhor daquilo
que se passa.
ASD- Vamos falar desse seu
percurso, um pouco. Licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa
em 64. Logo que terminou o curso fez estágio para magistrado do Ministério Público
mas não foi esse o caminho que seguiu.
N.R- “ Não, não foi, eu gostava, naquela altura,
gostava muito de entrar para a magistratura. Era diferente do que é agora
porque para se ser Juiz tinha que se fazer concurso e entrar para magistrado do
Ministério Publico. Não havia a separação de carreiras como ocorreu pós 25 de
Abril. Eu gostava de seguir a carreira de Juiz. Porquê? Pelo grau de independência
que lhe dá e pelo contacto humano que lhe proporciona. Mas isso não foi
possível.
Eu quis casar-me, e, pronto, tinha que ficar em Lisboa,
porque naquela altura para se fazer o concurso e para ser colocado eu iria parar
em qualquer sítio recôndito do país e já não podia casar. A minha mulher estava
a terminar o curso de medicina, queria termina-lo, tinha todo o direito de o fazer,
por isso fiquei por Lisboa, mudei de carreira”.
A.S.D – No fundo acabou por vir dar, agora, a um
cargo de independência e contacto humano ….
NR- “É verdade. É um
pouco o retomar a história embora de outra maneira.”