sábado, 16 de março de 2013

UMA LONGA CAMINHADA


A vida é uma caminhada. De pequenos passos ou de passos gigantes. De salto de barreiras, de trincheiras, com pedras no caminho. O importante é chegar à meta, não desistir. 1964 – 2005. 41 anos de uma longa caminhada, sempre em frente, revisitada, pelo Henrique, em entrevista  à Antena 1.
Comecei na Função Publica num organismo novo, que tinha muito pouco a ver com a estrutura da Administração Pública que existia naquele tempo - o Fundo de Desenvolvimento da Mão de Obra.
Era um organismo muitíssimo aberto que teve à sua frente um grande Director, que chegou a Director Geral, o Dr. João Pereira de Moura. Eu digo que ele foi um grande Director Geral porque era um homem muito preocupado com a formação técnica dos seus colaboradores, e, foi graças a ter trabalhado nesse F.D.M.O. que comecei a interessar-me muito pelas questões do trabalho e pelas questões sociais. Também foi graças a isso que tive oportunidade de fazer alguns estágios em organismos internacionais como a OCDE a OIT e em Ministérios do Trabalho da França e da Bélgica adquirindo uma experiencia que depois se revelou útil ao País depois do 25 de Abril”
Nunca mais parou nesse caminho…
“É verdade, fui exercer profissão liberal em 1977, mais ou menos, e comecei a trabalhar junto de alguns sindicatos como consultor jurídico de sindicatos.
Em 1979, entrei, a convite do Dr. Sá Carneiro, para uma experiencia como deputado, fui-o durante alguns anos. Interrompi-a para ser Ministro do Trabalho. Retomei-a, mas depois desisti, não gostei muito de ser deputado, confesso.
Pelos anos 82, 83, África aparece de novo na minha vida. Por essa altura a OIT procurava um perito português para missões técnicas em Cabo Verde e Guiné Bissau, para apoiar os Ministérios do Trabalho destes países na elaboração de legislação de trabalho. Contactaram-me. Eu disse que sim. Só conhecia Angola. Não conhecia as outras ex-colónias portuguesas. Conhecia São Tomé de passagem por barco quando vinha para a então chamada metrópole nos tempos de estudante ultramarino. Portanto aceitei esse desafio, que foi muito enriquecedor.
Nos anos de 85 a 89 abriu-se no Ministério do Trabalho um Gabinete de Cooperação com África, e, fez-se aí, aquilo a que, com toda a verdade, se pode chamar a 1ª grande experiencia de cooperação da administração pública portuguesa. Foi o MT que arrancou com ela.
Foi uma experiencia muito enriquecedora, muito humana. Conheci os Ministros do Trabalho dos cinco países. Muitos tornaram-se grandes amigos meus. O que me enriqueceu foi o contacto humano, para além das questões de apoio técnico.
É uma característica sua, valorizar o contacto humano?
 “Não sei se é ou não uma característica minha, mas do meu ponto de vista só vale a pena viver uma vida se ela tiver algum sentido de utilidade para os outros”.
Lisboa, 5 de Junho de 2005