A vida é uma
caminhada. De pequenos passos ou de passos gigantes. De salto de barreiras, de
trincheiras, com pedras no caminho. O importante é chegar à meta, não desistir. 1964 – 2005. 41 anos de uma longa caminhada, sempre em frente, revisitada, pelo Henrique, em entrevista à Antena 1.
“Comecei na Função Publica num organismo novo, que tinha muito pouco a
ver com a estrutura da Administração Pública que existia naquele tempo - o
Fundo de Desenvolvimento da Mão de Obra.
Era um organismo muitíssimo aberto que teve à sua frente
um grande Director, que chegou a Director Geral, o Dr. João Pereira de Moura.
Eu digo que ele foi um grande Director Geral porque era um homem muito
preocupado com a formação técnica dos seus colaboradores, e, foi graças a ter
trabalhado nesse F.D.M.O. que comecei a interessar-me muito pelas questões do
trabalho e pelas questões sociais. Também foi graças a isso que tive
oportunidade de fazer alguns estágios em organismos internacionais como a OCDE
a OIT e em Ministérios do Trabalho da França e da Bélgica adquirindo uma experiencia
que depois se revelou útil ao País depois do 25 de Abril”
Nunca mais parou
nesse caminho…
“É verdade, fui exercer profissão liberal em 1977, mais
ou menos, e comecei a trabalhar junto de alguns sindicatos como consultor
jurídico de sindicatos.
Em 1979, entrei, a convite do Dr. Sá Carneiro, para uma
experiencia como deputado, fui-o durante alguns anos. Interrompi-a para ser Ministro
do Trabalho. Retomei-a, mas depois desisti, não gostei muito de ser deputado,
confesso.
Pelos anos 82, 83, África aparece de novo na minha vida. Por
essa altura a OIT procurava um perito português para missões técnicas em Cabo
Verde e Guiné Bissau, para apoiar os Ministérios do Trabalho destes países na
elaboração de legislação de trabalho. Contactaram-me. Eu disse que sim. Só
conhecia Angola. Não conhecia as outras ex-colónias portuguesas. Conhecia São
Tomé de passagem por barco quando vinha para a então chamada metrópole nos
tempos de estudante ultramarino. Portanto aceitei esse desafio, que foi muito
enriquecedor.
Nos anos de 85 a 89 abriu-se no Ministério do Trabalho um
Gabinete de Cooperação com África, e, fez-se aí, aquilo a que, com toda a
verdade, se pode chamar a 1ª grande experiencia de cooperação da administração
pública portuguesa. Foi o MT que arrancou com ela.
Foi uma experiencia muito enriquecedora, muito humana. Conheci
os Ministros do Trabalho dos cinco países. Muitos tornaram-se grandes amigos
meus. O que me enriqueceu foi o contacto humano, para além das questões de
apoio técnico.
É uma característica
sua, valorizar o contacto humano?
“Não sei se é ou
não uma característica minha, mas do meu ponto de vista só vale a pena viver
uma vida se ela tiver algum sentido de utilidade para os outros”.
Lisboa, 5 de Junho de
2005