sábado, 2 de março de 2013

NEO-LIBERALISMO/SOCIALISMO

Como País, como Povo, como Nação, olhamos perplexos, incrédulos, preocupados com o nosso futuro comum. Perguntamo-nos: que faria, que diria o Henrique? Como nos orientaria?
Disse um dia a nossa filha Sofia: «O espírito de Deus sopra onde quer e como quer. Estou convencida que sopra neste blog». Nestes momentos de incerteza recorremos aos textos políticos que  escreveu, às suas reflexões Constituem para nós, família, um legado que nos orientará toda a vida. Se a partilha deste privilégio contribuir para  a edificação de uma sociedade mais justa, então a sua memória nunca se apagará!

«No contexto destas dificuldades, observo que uma corrente de pensamento, dita neoliberal, propugna soluções que considera as mais adequadas à solução dos problemas de crescimento, da competitividade e do combate ao desemprego, e essas soluções passam, nuclearmente:

1º pela desregulamentação ( a que pudicamente chamam flexibilização) do mercado de trabalho

2º pelo desmantelamento, ou, pelo retrocesso acentuado das garantias dos sistemas de protecção social (no sentido amplo do termo).

3º pela filosofia nuclear de que a história da humanidade revela que a solidariedade não é compatível com a liberdade de mercado, com o espírito de iniciativa e com o legítimo direito de os “melhores”se constituírem em vanguarda do progresso da humanidade.

Em contrapartida a esta corrente de pensamento, o socialismo, que se reclama de democrático e evolutivo, já não oferece também respostas credíveis salvo nas situações em que o liberalismo selvagem não permitiu aos cidadãos outra escolha alternativa, exactamente porque ele demonstrou ser incapaz de resolver o problema social e os desafios de um crescimento saudável e de uma competitividade que não se traduz em agravamento das discriminações sociais, em proteccionismos nacionais, impensáveis num mundo de internacionalização das economias, num dualismo inaceitável dos que têm trabalho e dos que o não conseguem ter, do divórcio insuportável da desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres, entre gerações, entre excluídos e integrados.

Uma resposta social-democrata implica, pois, esta equidistância entre neo-liberalismo e socialismo. Mas uma equidistância não se valora, nem se identifica, apenas ou sobretudo, por critérios quantitativos. Pelo contrário: é pela dimensão social e qualitativa, pela valoração ideológica, pela postura de rigor humanamente pragmático, que devemos proclamar a nossa diferença e a nossa convicção de que o futuro passa pelas nossas ideias e pelos nossos homens, mulheres, jovens e idosos.»

5 de Maio 1994