“As
consequências da globalização no mundo do trabalho, as mutações no diálogo
social europeu e nacional, e por aí fora, é apenas uma parte da mudança que
atravessamos. Esta vai mais fundo e mais longe e apela à reconsideração do
modelo social no seu todo, por forma a que seja mais equitativo e menos
igualitarista, mais parcimonioso para quem não precisa e mais justo para quem
precisa, mais apelativo à responsabilização individual e menos difuso na
socialização em que ninguém é alguém e todos não somos nada. Talvez aqui se reintroduza
a imemorial exigência da dignidade de cada pessoa.
(…)Talvez
seja antes no próprio figurino do Estado e no modelo de sociedade que se
instalou, a nível nacional e internacional, onde se encontram, afinal os nós de
um estrangulamento que, depois se pede ao direito do trabalho para desatar.
É tempo
de dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”.
Excerto de uma
intervenção no IX Congresso de Direito do Trabalho. Lisboa 10 de Novembro de
2005