domingo, 14 de abril de 2013

A TRABALHAR, COMO SEMPRE


Seis meses após ter completado o seu mandato, PS e PSD continuam sem acordo sobre a escolha do novo Provedor de Justiça. O Presidente da Assembleia da República tem insistido para que se encontre rapidamente uma solução, mas a verdade é que a eleição continua sem data marcada. Há perguntas que se impõem. As respostas esclarecem. É assim que às 19.26 de 15 de Janeiro de 2009 é enviado, do Gabinete do Provedor de Justiça, um texto com cinco respostas a cinco perguntas colocadas pelo Diário Económico.

DE- Tem tido alguma dificuldade na gestão diária da Provedoria, consequência do arrastar do processo de sucessão?
Nascimento Rodrigues- “ Eu e os meus colaboradores continuamos a trabalhar como sempre. Mas tenho constatado, infelizmente, que algumas entidades públicas a quem me dirijo – designadamente, alguns membros do Governo – se atrasam exageradamente nas respostas devidas (recordo, apenas, que é a lei que me obriga a ouvi-las), ou respondem com evasivas. É manifesta a inadequação destes comportamentos nos últimos meses e isto prejudica claramente a solução das queixas dos cidadãos. É isto, afinal, que está em causa. Por delicadeza institucional – que sei preservar – não referencio quais são essas entidades.
DE – Tem mantido contacto com o Governo e a Assembleia da República sobre a sua sucessão? Impôs alguma data limite para permanecer no cargo?
Nascimento Rodrigues – “ Não. E não tenho que manter esses contactos. A lei é clara ao estabelecer que o Provedor ‘mantém-se em exercício de funções até à posse do seu sucessor’( artigo 6º, nº2 da Lei nº 9/91, de 9 de Abril).
Quando fui eleito, sabia isto. Portanto, cumpro a lei e ponto final.
DE- Quais os principais desafios para o próximo Provedor de Justiça?
Nascimento Rodrigues – Não faz parte da minha maneira de estar no serviço público dar conselho aos meus sucessores, sobretudo quando não são pedidos. Mas é evidente que as circunstâncias que o País está e vai continuar a atravessar, exigirão um Provedor de mais proximidade social aos cidadãos, sem quebra de rigor na aplicação das leis. O Provedor de Justiça é sempre a ‘sua circunstância’, ao fim e ao cabo!
DE- Que balanço faz do seu mandato?
Nascimento Rodrigues – “ Saio tranquilo comigo próprio e com os meus concidadãos. Não poderia desejar mais”.
DE – Pediu a fiscalização sucessória do Estatuto Político – Administrativo dos Açores?
Nascimento Rodrigues – “ É tão certo como ‘2+2=4’ que vou fazê-lo, para já relativamente ao conjunto de normas que criaram ‘provedores sectoriais regionais’. Mas há várias outras normas inconstitucionais, Se ainda me mantiver em funções, claro que também vou requerer ao Tribunal Constitucional a respectiva inconstitucionalidade.”