sábado, 18 de dezembro de 2010

“Crónica de Natal” – 2

É o Natal a única festa religiosa que conserva a sua pureza antiga, que as fantásticas inovações do tempo e a maledicência humana não conseguiram corromper: é o pináculo das alegrias cristãs. Quando em Belém de Judá Jesus apareceu para pregar à humanidade a doutrina do Bem, da Virtude e do Amor ao próximo, bem longe esteve de ser totalmente compreendido pelas turbas fanatizadas por orgias pagãs. Foi o erro cometido por ímpios de interesses inconfessáveis, que veio a perder o maior e mais belo dos homens. Ficou porém o seu sagrado Evangelho – sublime estratificação de uma doutrina que hoje é refúgio de milhões de almas atribuladas.
O mundo inquieto e desmedidamente louco, esqueceu o que Ele lhe houvera ensinado, para se embrenhar em guerras sangrentas, que desagregam lares e tingem a terra de sangue inocente. E é a criancinha ingénua que, chamando pelo pai ausente pede a paz para o mundo;
é a esposa pelo marido, a irmã pelo irmão e a noiva pelo noivo, um conjunto de vozes aflitivas orando por sossego.
A nós, jovens de hoje, homens de amanhã compete-nos realizar o impossível, se necessário for, para que a paz ao mundo volte. É preciso gente nova com fé íntegra, pronta a renunciar a uma indolente mediocricidade; gente moça que trabalhando ou estudando, esteja apta a alcançar a divina doutrina de Cristo.
Unamos, pois, as nossas preces fervorosas às de tantos que, por esse mundo além, também rezam confiadamente por um mundo melhor, unido no mesmo sentimento de solidariedade e amor a Deus. E talvez que então possamos dizer, com a alma a transbordar de alegria: Glória a Deus no Céu, Paz na terra aos Homens de boa vontade.

Henrique Nascimento Rodrigues

Publicado no jornal”A Huila” 1956