quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Obra Colonizadora do Português- 1

O Colono… anónimo desbravador da brenha virgem, na aldeola natal ele deixou a jaleca garrida dos dias de romaria;

Saudoso abandonou os pais já velhos e a noiva prometida e, mochila às costas, botou-se mares adentro, rumo aos sertões ignorados das terras novas que à velha terra o Português ia mostrando.

Emagreceu-lhe o rosto lá nesses mundos de perdição; bronzeou-se-lhe a pele à torreira ardente do sol dos trópicos; calejaram-se-lhe os dedos ao romper o solo duro e estranho, mas não vacilou um só instante o seu aprumado engenho de trabalhador infatigável e de homem de têmpera rija.

Machadada a Machadada, derrubou o emaranhado agreste da selva inóspita; sacha que sacha, a fonte perlada de suor e os membros roídos por biliosas curtidas em cabanas de pau-a-pique, ele arcou sozinho com a canga pesada da desilusão e com o travo amargo da derrota.

Depois, na roda dos tempos o tempo rodou.