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Não é curial, por exemplo, discutir-se a política salarial sem a enquadrar e relacionar com a política orçamental, … e fiscal, e sem a visionar no ecrã da comparabilidade com as situações dos nossos principais parceiros económicos europeus sob pena de se ignorar um potencial efeito de perda de competitividade e de mercados (reflexos negativos no nível de emprego).
Do mesmo modo, ao pretender-se combater melhor o desemprego, objectivo em si consensual, não será necessário, por exemplo, agilizar o mercado de emprego, melhorar a qualidade de ensino e da formação profissional, explorar novas fileiras de iniciativas de desenvolvimento local, diminuir os custos indirectos do trabalho sem, todavia, desencadear o ciclo vicioso de quebra de receitas e da consequente menor oferta de prestações sociais, elas próprias crescentemente mais necessárias perante a amplitude das exclusões sociais?
As medidas pontuais, as soluções parcelares, as decisões inarticuladas, não são, já, o caminho mais acertado
Excertos de um artigo publicado no jornal “Expresso” em 18 de Junho 1994