domingo, 12 de dezembro de 2010

Somos como escrevemos

NÃO!

Não consigo escrever mais….

A minha caneta é empurrada pelo amor mas já estou cansado de tanta dor. E a caneta não avança.

Somos como escrevemos muito mais do que somos o que escrevemos.
Eu sou assim. Como a minha escrita. Desorganizado no caminho mas intenso na direcção. Curto. Rápido, que a chegada está já ali e eu não consigo esperar.
Tu não és nada assim (no presente porque a escrita permanece). Eu brinco com as palavras pois o riso cura-me a alma. Ou esconde a dor.

Tu não és assim. Tu és detalhe e sereno na construção, exigente também com as palavras como com as pessoas, de uma ironia sublime porque a inteligência é o tempo na espera que vai do dizer à descoberta do sentido.
Agora a caneta começa a correr pois a tua memória já a alimenta. Mas este texto tem de ser assim. Aos soluços de vida, para trás e para a frente, sem direcção clara. Mas com sentido. Porque é o meu texto. As minhas palavras. Logo eu sei ser melhor nas linhas desenhadas do que nas linhas escritas.

Mas agora não quero desenhar. Não quero que fique no ar vago do entendimento dos meus traços surrealistas. Não me quero esquecer de ti e de ti comigo e por isso não desenho ( aparte aquelas linhas que estão no princípio de tudo o que sou)

Escrevo. Para mim. À minha maneira. Por ti. Em nós.

Nuno, 12 de Abril de 2010