sábado, 31 de dezembro de 2011
ANO MAU OU ANO BOM?
VOTOS DE PAZ
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
GREVE DOS MAQUINISTAS DA CP - EM1981 FOI ASSIM
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
POEMA DO SEMBA
OUVIR PARA APRENDER
SOCIAL DEMOCRATA AOS 18 ANOS
domingo, 25 de dezembro de 2011
DIA DE NATAL

sábado, 24 de dezembro de 2011
ORAÇÃO PARA UMA NOITE DE NATAL
"É noite de Natal. Embora cansado e sem disposição alguma, não podia deixar de escrever um pouco, se bem que nem saiba para quê, pois aquela “veia” que me poderia levar a escrever já se me esvaiu como num sopro. É o primeiro Natal que passo sem os meus Pais. Senti-o certamente, mas, na medida do possível, consegui superar a tristeza que me invadia. Senti-a sobretudo entre a hora do lanche e o findar da Missa do Galo. De lá para cá estou mais animado e voltei a ser, ainda há pouco, na mesa, o moço gracejador. Lembro-me, acima de tudo, que tenho de estudar para me formar o mais rapidamente possível. Lembrei-me dos meus Pais e dos momentos felizes que tantas vezes vivemos juntos.
Nesta noite de Natal, meu Deus, agradeço-Vos imenso todo o bem que me tens dado e o teres permitido que eu continue a ser o mesmo rapaz de sempre. Talvez (mas é talvez!) tenha muitos defeitos, mas gostaria de continuar assim.
Permiti, Senhor, que possa ter os meus Pais por muito tempo ainda; permiti que o mundo se esqueça da guerra e todos os homens possam viver em paz. Senhor, auxiliai-me sempre e fazei com que nunca me desvie do bom caminho e jamais esqueça a vossa sagrada Doutrina.
Não tive um Natal como os outros, mas creio que não deixei de ter um Natal Feliz.
Espero também que Tu, Menino Jesus que estás nas palhinhas, ao veres tanta gente ajoelhar-se a teus pés, possas ter sentido que há um enorme mundo que continua a ter fé em Ti e que, por isso, também tenhas tido um Natal feliz."
Lisboa 24 de Dezembro de 1958
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
GREVE

Não se trata de interferir na vida sindical! Os trabalhadores e militantes sindicais sociais democratas têm dado sobejas provas de que sabem lutar pelo sindicalismo democrático, livre e independente. Não poucas vezes temos visto dirigentes sindicais que se reclamam do reformismo social-democrata à frente de acções grevistas e na primeira linha de combate laboral e social. Temo-los visto actuar e dirigir greves, tanto nos governos anteriores em que o PSD esteve fora da governação, como nos Governos da própria AD. E sempre o nosso partido respeitou essa independência, porque ela faz parte da essência do nosso programa e é suporte irrecusável do nosso projecto e prática política.
Mas a independência sindical que temos respeitado, e o direito à greve que temos reconhecido e garantido aos trabalhadores portugueses, não podem ser utilizados para se capturar o poder político, sobretudo quando essa captura revela finalidades revolucionárias e antidemocráticas.
A acção sindical não se confunde com acção partidária, sob pena de se denegrir e deturpar o verdadeiro sindicalismo. A voz dos trabalhadores não pode identificar-se com a voz dos dirigentes e forças partidárias.
Os trabalhadores portugueses têm o direito de ser livres. E esta liberdade compreende, naturalmente, o direito de os seus sindicatos não serem considerados, e usados como “grafonolas” de forças politico -partidárias.
E por isso a nossa mensagem aos portugueses, e em particular aos sociais democratas, não pode deixar de ser só uma: no trabalho livre e dignificado, na solidariedade conscientemente assumida, na responsabilidade da coragem individual e colectiva – Portugal será democrático, o caminho da estabilidade e da paz, da recuperação económica e da justiça social não será arredado
Fevereiro 1982
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
NATAL E ANO NOVO

"Natal e Ano Novo… como se de facto, eles continuassem a ser para mim o mesmo que os passados Natais e Anos Novos… que hoje são velhos! Não já não o são. É extraordinário, é fantasticamente extraordinário, como, olhando para trás, eu sou levado a concluir que um simples ano, talvez 15 meses, possa operar uma mudança tão radical na minha maneira de sentir e no meu modo de agir. É fantástico, meu Deus, como uma dezena e meia de meses conseguiu ofuscar, num ápice, tudo aquilo que tinha um cunho de quase sagrado para mim. Natal e Ano Novo calavam bem fundo dentro de mim. Eram, para os meus anos de menino e moço, dois verdadeiros símbolos de maravilha, de paz, de felicidade. Era um verdadeiro sonho – especialmente o Natal – que a realidade me oferecia para eu sonhar a meu belo prazer. O Natal em especial, calha bem à meninice. Talvez por já ter deixado de ser menino, tenha deixado de ser também o Natal aquilo que outrora era. Porque de facto, há dois anos que eu já não tenho Natal. Que Deus me perdoe se Ele vê a minha afirmação como uma ofensa, mas bem sabe que não me refiro, naturalmente, àquela felicidade extrínseca e àquele bem estar natural que Ele sempre tão generosamente, me tem dado. Sim, meu Deus, Vós sabeis que não me lamento, por me faltar mais ou menos uma prenda. Bem sabeis Senhor, quanto Vos agradeço tudo o que me tens dado e que milhares, sabe-se lá se não milhões de rapazes não têm: pão para a boca, barriga farta e corpo agasalhado. Não, Senhor, certamente que eu não ponho em dúvida quão excessivamente feliz para ser verdadeiro, eu tenho sido neste aspecto. Nunca me faltou o pão que me matasse a fome e a roupa que me abafasse o frio; nunca me faltaram uma casa, mesmo onde sei que não é a minha casa, e um mimo de lar; nunca, Senhor – e quanta felicidade não é já essa! - eu soube o que era a miséria e o desgosto por algo que me faltasse. Se pobres são aqueles que não têm nada disto, rico, imensamente rico sou eu, Senhor. Mas nem só de pão vive o homem e nem só de abrigo e alimento de dinheiro e fartura é feita a felicidade.
Aquela felicidade íntima, que mais parece calmaria no espírito, paz na alma ou dor de alegria no coração, essa sim, vai-me fugindo aos poucos lentamente, tão lentamente como vão indo os meus verdes anos de adolescente."
Lisboa Natal de 1958
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
NÃO É A IDADE QUE MATA A MOCIDADE
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
ÚLTIMO POEMA
há energia pra domar o tempo
e força pra singrar.
Sair do temporal
é ter a nostalgia do combate
.que vai começar.
Tomei o gosto às horas de calema
e sou irmão do mar.
Cochat Osório (Calema 1956)
NÃO TENHO MEDO
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
MAIS DIAS FELIZES
sábado, 17 de dezembro de 2011
ESTADO PORTUGUÊS DA ÍNDIA
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
NOTAS POLÍTICAS (91)
“ O que é lamentável, é o facto de o PS não ter coragem de distinguir o seu papel de oposição democrática ao Governo (que se respeita), do seu papel de partido com responsabilidades na defesa do regime democrático.”
Lisboa 6 de Fevereiro de 1982
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
AYUB OGADA - KOTHBIRO
Kothbiro
Hah Hahye hahye aye hahye ... Om maam pum imjya Kothbiro Ke luru fazer ketaa-lha Om maam pum imjya Kothbiro Ke luru fazer ketaa-lha Hah Hahye hahye aye hahye Om maam pu ...
chuva está chegando
CONFRONTO OU CONSENSO SOCIAL
“ Existe uma crise Mundial que afecta praticamente todos os países, seja qual for a estrutura política, económica e social em que assentam. Desde os Países tradicionalmente subdesenvolvidos (África, Ásia, América Latina), até às nações altamente industrializadas de economia de mercado, os sinais de crise são evidentes (baixa de produção, redução do investimento, inflação, desemprego).
A tradicional debilidade da estrutura económica portuguesa e do nosso tecido social tornam mais aguda a crise que atravessamos. Existe o risco de continuarmos a ser a cauda, cada vez mais distante do “comboio europeu”. E é aqui que a aposta de vontade política num processo sistemático e persistente de diálogo social ou sócio – económico ganha sentido.
O caminho da consensualização sócio – económica afigura-se como o mais valido e eficaz face ao objectivo da recuperação económica e do aumento de justiça social. A alternativa seria a do confronto sistemático e permanente, mas esta via, pela agudização extrema de tensões e pela instabilidade corrente a que conduziria, não se afigura como alternativa valida para aquele efeito e potencia riscos no plano da institucionalização democrática.
A realização de uma política de diálogo social, afigura-se assim, como progressivamente exigente no quadro da situação nacional. E exigente neste sentido de que ela se assume, no seu potencial, como garante:
A) Do reforço dos valores democráticos e civilísticos inerentes à essência das sociedades pluralistas.
B) Do maior grau de compreensão dos pontos de vista dos parceiros sociais (Estado Empresários, Sindicatos), mínimo indispensável a partir do qual se podem focalizar experiencias viáveis de ajustamento ou concertação social, de perfil e conteúdos variáveis, porque dependentes do conceito específico em que se insiram.
Se se reconhecer que há um mínimo de condições viabilizadoras de uma inversão de marcha, a iniciativa do despoletamento de uma política social, ou semelhante, deveria naturalmente caber ao Governo, colocando os demais parceiros perante a responsabilidade histórica de uma resposta clara, que evidenciasse estarem ou não dispostos, porque e em que condições, a partilhar direitos e obrigações nos aspectos nacionais de crise que atinge o País.”
Excerto de uma comunicação apresentada nas primeiras jornadas da inspecção do trabalho Porto, 27 de Janeiro 1982
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
ORAÇÃO
“SOLIDARIEDADE”- O SINDICATO

A 13 de Dezembro de 1981, o Governo Polaco, pela mão do general Jaruzelski, tenta destruir o sindicato “Solidariedade” impondo a Lei Marcial.
Em Lisboa, a 16 de Dezembro, entrevistado pela RTP2 no programa ” 4ª Há Noite” a este propósito, dizia o Henrique:
“ Acompanhamos com extrema preocupação e diria mesmo, com grande angústia, aquilo que neste momento se está a passar na Polónia. Ao longo de mais de um ano, tivemos oportunidade de assistir ao movimento social, encabeçado pelos operários, depois pelos trabalhadores rurais, e mais tarde por outras camadas da população, no sentido de uma democratização da sociedade polaca.
Verificou-se mais uma vez que os regimes comunistas, por natureza, não podem aceitar uma situação de expansão progressiva, moderada, e responsável da liberdade. Aí, as botas militares a calarem as vozes, a abafarem os pensamentos e a criarem sangue na Polónia.
Só há uma via para a normalização, no sentido de normalidade democrática e não de normalidade comunista. E esse sentido é o do restabelecimento de conversações e do diálogo entre o Governo Polaco e o Solidariedade. É óbvio que não parece que isso esteja a acontecer quando se diz que Lech Walesa não está preso, mas no fundo está detido, forçosamente, para ser obrigado a negociar com o Governo. Obrigado a negociar significa aqui, obrigado a aceitar aquilo que o Governo Polaco quiser.
Nenhum país deve interferir nos assuntos da Polónia. Este é um assunto que só diz respeito ao povo polaco, que só por ele deve ser resolvido. Isto não significa porém que calemos a nossa voz, pelo contrário, devemo-nos expressar de todas as formas lícitas e democráticas, condenando o que se está a passar.
O futuro da Polónia só se resolve com diálogo, com conversações. Efectivamente os regimes comunistas não podem evoluir porque não podem aceitar um mínimo de liberdade e não aceitando um mínimo de liberdade, não aceitando sindicatos independentes, não aceitando uma imprensa relativamente livre, (já não pedimos totalmente livre), sem essas condições, que são as condições dos direitos humanos e das liberdades fundamentais dos cidadãos, de facto o diálogo não é possível."
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
SÃO 20 MESES HOJE
sábado, 10 de dezembro de 2011
ALTERNATIVA É UMA FIGURA SEM ROSTO
Só os falsos democratas é que nunca têm dúvidas, é que acertam em tudo ou quase tudo. Esses não admitem, quer o direito à crítica dos outros quer a obrigação de uma sistemática e realista reflexão crítica da nossa própria consciência. Não contesto que haja críticas pertinentes.
Sou sensível a críticas justas e fundadas, formuladas através dos canais próprios e sob uma forma proporcionalmente ajustada à resposta que forem obtendo.
É admissível que se tenham cometido erros, mas não vejo que esse reconhecimento deva entender-se como fraqueza ou prova de incapacidade.
Se me é permitida uma imagem, diria que, assim como o médico não amputa um braço ao doente apenas porque tem uma unha encravada, assim também não se compreende a acção de combate ao Governo, por se ter cometido, porventura, este erro ou aquela omissão.
A menos que sejam de tal forma repetidas ou graves que conduzam à conclusão, consensual ou da maioria, de que devem procurar-se alternativas.
Porque temos, democraticamente, que aceitar o direito à alternativa. Mas, até ao momento, a alternativa é uma personagem sem nome e, o corpo de um fantasma. Nada pior para a democracia, que exige clarificação de projectos, transparência nos processos de actuação e integralidade nas pessoas concretas que os corporizam.
Entrevista ao “Tempo” 13 de Agosto 1981
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
NATAL 1957

Para mim este natal foi diferente dos outros. Desculpa o desabafo, mas creio que não te poderia esconder o desgosto que senti nessa noite em que, anos e anos antes, sempre fui feliz.Durante 17 anos, eu tive sempre uma casa minha, para passar o Natal, um presépio e uma árvore de Natal. Este ano, por circunstâncias facilmente compreensíveis, nada disto pude ter. E tudo agravado pelo facto de saber que era o último Natal que passava com os meus pais. Este ano, tive que ir à Missa do Galo sozinho, porque a minha mãe não me quis acompanhar. Eu sei que ela não queria que eu a visse chorar e por isso ainda mais me custou. Nos anos anteriores estávamos sempre juntos e sabíamos que “no ano seguinte” tudo seria igual; este ano eu sei que foi diferente, mas que para o ano ainda será pior. Paciência!
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
ADESÂO DE PORTUGAL À C.E.E.

28 de Março de 1977 - Mário Soares faz o pedido de adesão à CEE.
19 de Maio de 1978 - A comissão dá parecer favorável ao pedido de adesão de Portugal
6 de Junho - o conselho também dá luz verde a esse pedido
17 de Outubro de 1978 - Início de negociações de adesão de Portugal à CEE
4 de Dezembro de 1980- Acidente de Camarate
Janeiro de 1981 Toma posse o VII Governo Constitucional
1983 Governo do Bloco Central
12 Junho de 1985 - É assinado, em Lisboa, o Tratado de Adesão de Portugal à CEE. Espanha assina o Tratado de Adesão em Madrid no mesmo dia.
6 de Outubro de 1985 - PSD vence legislativas e Cavaco Silva é eleito primeiro-ministro
Em 1981, em entrevista ao jornal “O Dia”, (ocupava o Henrique a pasta do Trabalho), exprime assim o que pensa sobre este pedido de adesão à CEE.
"O pedido de adesão de Portugal às Comunidades Europeias representa uma decisão, fundamentalmente, de carácter político, tomada democraticamente.
Pode dizer-se, contudo, que a adesão às Comunidades envolve aspectos de natureza política, económica e social e, representa, de facto, um “desafio” ao modo de funcionamento e vivência democrática da sociedade portuguesa, sobretudo no que respeita a uma alteração de mentalidades, que, aliás, está na base do desenrolar de todo o restante processo.
Quanto aos aspectos predominantemente económicos, a resposta ao “desafio”que se coloca neste domínio deverá ser dada em termos de desenvolvimento e modernização da nossa economia, os quais, sendo em qualquer caso inevitáveis para que se obtenham níveis de bem estar e de progresso social elevados, deverão ser acelerados pelas exigências de um espaço económico alargado e desenvolvido.
Este desenvolvimento e modernização terão de ser conduzidos de modo a conseguir-se uma maior competitividade das empresas e, simultaneamente, um elevado nível de emprego e de salários remuneradores.
É bastante possível que tudo isto passe pela reestruturação e reconversão de vários sectores de actividade e pelo desenvolvimento de outros, o que poderá suscitar delicados problemas de relacionamento e entendimento social, se não houver uma prévia concertação quanto aos objectivos e aos processos do nosso desenvolvimento
Terão de ser intensificadas as acções de formação e orientação profissionais de modo a permitir à população portuguesa enfrentar as alterações estruturais da economia nacional.
No que se refere aos aspectos de natureza social aos quais se atribui a maior importância, salientarei a perspectiva de que a adesão deverá implicar uma maior democratização das relações de trabalho, com uma maior intervenção dos parceiros sociais na resolução dos problemas, não só à escala nacional como também à escala europeia, na medida em que Portugal passará a participar, através dos seus representantes, no Comité Económico e Social.
Tudo isto vai implicar uma preparação técnica exigente, que reforçará, porém, o papel dos parceiros sociais."
Lisboa, 10 de Junho 1981
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
EXEMPLO DE HONESTIDADE

Em 19 de Setembro de 1981, o jornal “A Tarde”, publicava, em artigo de opinião, o seguinte título: Nascimento Rodrigues: exemplo de honestidade; e continuava em texto:
“Muito haveria que dizer acerca do debate do programa do Governo, das moções de rejeição e da moção de confiança, porque o dia de ontem foi particularmente rico em pormenores significativos. Todavia, o jornalista prefere ceder o espaço que destinaram à sua opinião ao deputado social democrata Nascimento Rodrigues, ex-ministro do Trabalho. O seu discurso, precisamente o último do debate do programa, é um exemplo de honestidade. Que aqui registamos integralmente”.
………………………
“É que, sr. presidente e srs. deputados, a coerência dos ideais políticos tem de reflectir-se em tradução quotidiana; o sentido vivido dos interesses mais fundamentais da nossa sociedade pluralista não pode cair no abismo da incontinência das opções básicas; o desapego sincero às cadeiras estofadas do poder merece, quando justificável, a concretização pelo exemplo, para que não se defraude e desiluda o Povo; e até a dignidade de cada homem concreto, na sua individualidade irrefutável, deve ser resguardada pelos democratas de todos os quadrantes, para quem a democracia se visiona também no homem como centro e destino da sua progressiva libertação.
E é nesse sentido, sr. presidente e srs. deputados, que quero deixar uma brevíssima palavra sobre a revisão das leis do trabalho……
As leis do trabalho não podem ser nunca germe de certos conflitos entre os próprios trabalhadores. E existe esse risco quando dão azo a que uns se sintam em segurança artificial de emprego, outros se sintam sob o cutelo dos abusos dos contratos a prazo e muitos outros se defrontam com o desespero de não encontrar trabalho. Este é um conflito normativo a que se tem de pôr cobro. Tal como se deve pôr cobro ao conflito potenciado entre os que esmoreceram no seu dever de sindicalização e de solidariedade no trabalho e os que desenvolvem uma militância sindical democrática, legítima e indispensável com alicerces das liberdades políticas e cívicas.
Mas há, seguramente outros germes de conflituosidade, esta diferente, e que importa afastar com toda a firmeza. O sentido da revisão laboral não pode ser também – e não vai ser - de servir interesses económicos e bafientos de uma faixa, felizmente estreita e não representativa, de um patronato tardio em compreender que os ponteiros do relógio histórico não param e muito menos voltam para trás.
Talvez nada melhor para exprimir o sentido mais autentico deste objectivo, do que recordar bem alto e respeitosamente estas palavras da recente encíclica “Laborem Exercens”. Cito: “ Diante da realidade dos dias de hoje, em cujas estruturas se encontram marcas profundas de tantos conflitos causados pelo homem, e na qual os meios técnicos – fruto do trabalho humano - desempenham um papel de primeira importância, deve recordar-se, antes de mais, um princípio sempre ensinado pala igreja. É o princípio da prioridade do trabalho em confronto com o capital(…); Este princípio é uma verdade evidente, que resulta de toda a experiência histórica do homem”.
Possam estas sábias palavras, senhor primeiro – ministro, fortalecer o ânimo e o sentido de acção concretas do seu Governo, porque da parte dos sociais-democratas não faltarão o apoio e o estímulo para ajudar Portugal, na Paz, na Liberdade, no Progresso e na justiça”.
Assembleia da Republica 18/9/1981
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
É DISSO QUE O PAÍS ESTÁ À ESPERA
"Os problemas laborais são tão importantes na vida de qualquer País que merecem um autêntico debate público, a começar pelos próprios parceiros sindicais e patronais. Qual a fronteira básica das soluções concretas a adoptar, face ao diagnóstico da situação?
Uma revisão superficial, de retoque, poderia revelar-se como “pior a emenda do que o soneto”. E isto porque e se partirmos da convicção de que vigoram soluções jurídicas que criaram uma situação global em que se protegem, artificialmente em certos casos, interesses de trabalhadores contra a protecção que deveria ser dada a outros trabalhadores, como os desempregados, os que estejam arbitrariamente sujeitos a sucessivos e fraudulentos contratos a prazo, os que enveredam pelo trabalho clandestino, os que se vêem forçados a aceitar horários parciais e salários correspondentemente reduzidos, os jovens à procura de primeiro emprego.
Esta é a situação genérica da injustiça social, com sequelas económicas graves que, por sua vez inviabilizam ou dificultam condições de progresso e de bem estar para todos os portugueses.
A linha básica das soluções tem de ir ao fundo dos problemas e à raiz das injustiças, das desigualdades gritantes de situações, e restabelecer pela equidade o caminho da modernização, da responsabilidade de uns e da libertação de outros, do progresso social e económico. A voz da verdade nunca dói aos trabalhadores.
Exponha-se a verdade, explique-se aquilo que se pretende atingir, discutam-se abertamente as alternativas e opte-se com seriedade e lucidez. É disso que o País está à espera."
Excerto de uma entrevista ao Semanário “O Tempo” em 1 de Outubro de 1981
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
ESPERO

Por ti espero
desde que partiste
e aguardo o teu recado
em cada pessoa que chega;
Olho para os caminhos
todas as manhãs
na esperança de nos encontrarmos.
O cacimbo passou.
Nova folhagem cobrirá
daqui a pouco
a floresta
e tu não vens.
Depois
serão as chuvas...
De tanto te esperar
já sonho que chegaste.
Desperto ao latir dos cães
julgando ter chegado
quem vem bater-me à porta.
Esta esperança vã
é um tormento que em mim cresce
dia a dia.
Raul David, poeta angolano, In "Cantares do nosso povo", Luanda 1983
União dos Escritores Angolanos
COMPROMISSO SOCIAL
domingo, 4 de dezembro de 2011
EQUIDADE NA REPARTIÇÃO DE SACRIFÍCIOS

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
NÃO!!!
Começou o mês de Dezembro. Em família, Dezembro representa, a pausa, o aconchego, a solidariedade, a amizade, o amor, a dádiva, todos os sentimentos guardados cá dentro e que, ao longo do ano, vão ficando fechados no turbilhão da vida de todos os dias. Dezembro, na nossa casa, é um mês de Paz, de alegria, de reencontro, de harmonia. Há que acumular todas as energias que nos permitam enfrentar mais uns meses, até Agosto. Para o Henrique, o Natal concentrava todos esses valores. O Natal permitia-lhe vivê-los, senti-los e, o mais importante, exprimi-los. Com ele, aprendemos a viver o mês que agora começa. Sem ele, cabe-nos unir a família e transmitir às gerações mais novas o sentido dos valores, dos ideais, das convicções, que nos legou. O Henrique é a Família. Dentro de nós, ainda está aquele grito de dor, de incredulidade, de desespero, que a sua morte totalmente inesperada nos provocou, e que o Nuno tão bem escreveu.
NÃO!!!
O grito vem do fundo de tudo
NÃO!!!
Voaram os pássaros para longe, para onde já nada era.
NÃO!!!
O mundo roda à minha volta e agora não estou em mim
NÃO!!!
Mas cá estamos. Na incerteza do mundo de amanhã, tudo o que ele nos legou constitui um cimento, que mantém sólidos os pilares que nos permitem viver no meio da tormenta, das angústias, da incerteza. Somos Família, somos o Henrique, ausente das nossas vidas, mas presente nas nossas almas.