sábado, 10 de dezembro de 2011

ALTERNATIVA É UMA FIGURA SEM ROSTO

os falsos democratas é que nunca têm dúvidas, é que acertam em tudo ou quase tudo. Esses não admitem, quer o direito à crítica dos outros quer a obrigação de uma sistemática e realista reflexão crítica da nossa própria consciência. Não contesto que haja críticas pertinentes.

Sou sensível a críticas justas e fundadas, formuladas através dos canais próprios e sob uma forma proporcionalmente ajustada à resposta que forem obtendo.

É admissível que se tenham cometido erros, mas não vejo que esse reconhecimento deva entender-se como fraqueza ou prova de incapacidade.

Se me é permitida uma imagem, diria que, assim como o médico não amputa um braço ao doente apenas porque tem uma unha encravada, assim também não se compreende a acção de combate ao Governo, por se ter cometido, porventura, este erro ou aquela omissão.

A menos que sejam de tal forma repetidas ou graves que conduzam à conclusão, consensual ou da maioria, de que devem procurar-se alternativas.

Porque temos, democraticamente, que aceitar o direito à alternativa. Mas, até ao momento, a alternativa é uma personagem sem nome e, o corpo de um fantasma. Nada pior para a democracia, que exige clarificação de projectos, transparência nos processos de actuação e integralidade nas pessoas concretas que os corporizam.

Entrevista ao “Tempo” 13 de Agosto 1981