segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ESPERO


Por ti espero

desde que partiste

e aguardo o teu recado

em cada pessoa que chega;

Olho para os caminhos

todas as manhãs

na esperança de nos encontrarmos.

O cacimbo passou.

Nova folhagem cobrirá

daqui a pouco

a floresta

e tu não vens.

Depois

serão as chuvas...

De tanto te esperar

já sonho que chegaste.

Desperto ao latir dos cães

julgando ter chegado

quem vem bater-me à porta.

Esta esperança vã

é um tormento que em mim cresce

dia a dia.


Raul David, poeta angolano, In "Cantares do nosso povo", Luanda 1983

União dos Escritores Angolanos