segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

CARTA PARA UM AMIGO

Os amigos guardam-se na memória e, no mais fundo da nossa alma. As palavras que nos dizem, ou escrevem, em certos momentos da vida, acompanham-nos sempre, determinam o nosso comportamento futuro em situações semelhantes, criam raízes e, servem de âncora em momentos muito difíceis do nosso percurso. O Henrique foi um amigo assim. Trabalhar, acreditar, lutar, são palavras que acompanham agora a sua família, no dia a dia da saudade que nos deixou.
"Conheço perfeitamente, esse teu estado de espírito, essa tua ânsia em encontrares um amparo, um “barco de salvação” que te conduza ao caminho que tu sabes qual é, mas não tens força para o seguir: lutar. Lutar, pura e simplesmente. Essa é a única solução de entre todas as soluções e não existe desculpa para a não seguires; esse é o caminho que poderás tomar só por ti; e, a par, eu devo incutir-te ânimo, devo ser o amigo de quem se esperam palavras de consolo para os momentos de desânimo, ou frases de entusiasmo nas horas de luta. E não o tenho sido! Eu sei que sou culpado. Que posso eu dizer-te como o melhor amigo que tens? Tudo vai correr bem, e juro-te que o não digo para te animar. Essa convicção tens tu que a criar em ti própria e não através das palavras dos outros. Porque não tens fé nas tuas capacidades? É como amigo que te falo, unicamente como amigo: põe o teu curso acima de tudo. É a minha opinião sincera e a que eu gostaria de te ver seguir. Trabalha, luta sempre, e verás que no fim não te hás-de arrepender do esforço dispensado, das horas “perdidas” a estudar sem vontade, dos momentos em que apetece dormir ou passear, mas que se preenchem à secretária, agarrados a um livro que se detesta! Garanto-te que, sejam quais forem os resultados, nunca te arrependerás!.
A nossa amizade há-de valorizar-se pela compreensão mútua, pela comunhão de ideias, pela sinceridade a toda a prova, numa palavra, pela “substancia”. Eu não quero que a nossa amizade, por não estar bem cimentada, se desfaça ao primeiro contratempo; não quero que a ausência ou a distância possam fazer ruir uma coisa tão séria como é a amizade."