quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DIÁLOGO SOCIAL ALARGADO


O Henrique era um defensor convicto das virtualidades da negociação livre.
Enquanto Ministro do Trabalho, uma das ideias mestras do seu pensamento político era a de um “Diálogo Social Alargado”, lema que dá ao seu programa de acção apresentado ao parlamento, a 21 de Janeiro de 1981.
A iniciativa mais ambiciosa que procurou fazer vingar foi a do estabelecimento de um acordo social, que seria, para a época, inovatório no nosso País.
Em 17 de Abril de 1981 dizia ao semanário “Expresso”
“ Estou disposto a levar até às últimas consequências uma política de contrato social, com as diversas forças sindicais e empresariais.
Continuo a afirmar que o diálogo social é absolutamente necessário e viável para um país, na situação económica e social como a de Portugal. E viável, por esta simples razão: da parte do Governo continua a haver uma predisposição muito nítida para o diálogo social. Mais concretamente da minha parte quero afirmar-lhe que o diálogo social e a minha política se mantêm na íntegra"
A iniciativa frustrou-se por não ocorrerem condições político – sociais e económicas propiciadoras de um pacto social.
A 1 de Outubro de 1981 em entrevista ao jornal “O Tempo” dizia:
“É discutindo, sem falsos preconceitos, que os parceiros sociais poderão chegar, um dia, a plataformas de entendimento mínimo. Porque o consenso é o caminho mais válido do desenvolvimento. E o desenvolvimento social e económico é o esteio da paz nas sociedades.”
O Henrique foi sem dúvida o precursor de uma ideia que, mais tarde se veio a comprovar ser a melhor solução. A semente tinha sido lançada. Como ele próprio escreveu mais tarde:
“ Poderá dizer-se (…) ser necessário, primeiro lançar a semente para que o trigo nasça, plantar a pereira para que esta dê frutos, forjar a ideia válida para que esta venha a ser acolhida. Mas se não houver quem saiba regar a semente, podar a pereira e convencer da bondade da ideia e fazê-la à prática, à luz das circunstâncias mutantes – onde estariam o “movimento” e o pragmatismo do nosso reformismo?”