terça-feira, 24 de janeiro de 2012

DEMOCRACIA


"A Democracia não se esgota nos partidos políticos, não se fecha nos parlamentos e não se reduz a eleições livres e periódicas.
A Democracia não é, e nunca foi, senão um sistema de lenta, penosa e difícil construção de uma ordem política, económica e social mais livre e mais justa.
Democracia não significa apenas ausência de ditadura. As liberdades que ela postula só são reais, e não meras caricaturas, quando exercidas num Estado de Direito, o que pressupõe o império da lei e o primado da Justiça.
A Democracia não é um «bem de luxo», próprio para consumo dos países ricos.  Cada homem  e todos os homens têm direito à liberdade e à justiça social. Onde elas existirem, haverá paz na consciência dos homens
Não está nunca definitivamente conquistada, senão através da tolerância, do diálogo, do esforço permanente de compreensão e de busca de soluções comuns.
A Democracia representativa não pode dispensar a participação empenhada dos cidadãos.
Mas quando o sistema de representação partidária abre brechas, a confiança dos cidadãos nos dirigentes políticos por eles escolhidos é abalada, quando despontam preocupantes fissuras no tecido social – não há”clima” propício a práticas de consulta, participação e diálogo social -
Nenhuma «varinha mágica» está ao nosso alcance para nos fazer ultrapassar milagrosamente as imensas barreiras que se levantam, ou mantêm, ao aprofundamento das liberdades, ao crescimento saudável das economias de mercado, à generalização da justiça social.
Porém se não acreditarmos na capacidade do Homem, em que devemos acreditar? Falo do homem concreto, cuja dignidade essencial é igual em todo o lado, seja pobre ou rico, culto ou analfabeto, religioso ou ateu, homem ou mulher. Essa dignidade só é atingível no respeito integral pelos direitos do homem.
Não existe riqueza de uma nação com ambiente de degradação social".

Lisboa 1992